Mais de 80% dos municípios não atingiram as metas de controle de diabetes e hipertensão previstas no programa Previne Brasil, criado pelo governo federal, em 2019. A maior parte dos municípios não conseguiu aferir a pressão arterial de 50% dos seus hipertensos, a cada seis meses, e também não atingiu a meta de dosar a hemoglobina glicada de metade dos diabéticos, uma vez por ano.
Os dados, referentes ao último quadrimestre de 2022 e apurados pela Impulso Gov e divulgados pelo jornal Folha de S. Paulo, causaram preocupação e um alerta ao presidente da ANAMT, Dr. Francisco Fernandes, abordado no webinário promovido pela Associação no dia 18 de abril.
“Apenas 33% dos municípios atingiram a meta de medir a pressão arterial dos 50% dos hipertensos. No país, são aferidos menos de 20% dos nossos hipertensos. Isso impactará a assistência hospitalar. Essas pessoas têm o risco de descompensar, ter um AVC, insuficiência renal e outras questões que impactarão na carga global de doenças”, advertiu o médico do trabalho, lembrando que o custo da prevenção é muito menor do que o gasto com a hospitalização de um paciente.
Dr. Francisco reforçou que a atuação da especialidade pode contribuir para o cumprimento das metas do programa. “Temos a obrigação de nos aliarmos a essa campanha de promoção primária à saúde do trabalhador e tentar bater essas metas do Previne Brasil”, enfatizou.
Entre outros indicadores abaixo das metas, chama a atenção o número de exames citopatológicos (Papanicolau), que atingiu apenas 26% da meta. O cumprimento da meta de cobertura vacinal da poliomielite e da pentavalente também é outro entrave – a maior parte dos municípios não conseguiu atingir os objetivos.
O programa Previne Brasil foi criado com o objetivo de vincular parte dos recursos da atenção primária ao cumprimento de metas assistenciais e abrange sete indicadores, nenhum deles cumpridos pelos 848 municípios participantes no período estudado.
O programa prevê a oferta de seis consultas de pré-natal para 60% das gestantes, atendimento odontológico e testes de HIV e sífilis, além de exame preventivo do câncer uterino para 40% das mulheres entre 25 e 64 anos, e coberturas vacinal (poliomielite e pentavalente) para 95% das crianças.”
Medicina do trabalho no contexto da APS
Cerca de 40 milhões de trabalhadores, sob o regime da CLT, têm a possibilidade de acesso à atenção primária à saúde (APS) no país a partir do atendimento da medicina do trabalho, o que auxilia no atendimento prestado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na maioria das vezes, o trabalhador tem no médico do trabalho o primeiro contato, e às vezes o único, com o sistema de saúde. Caso seja necessário, caberá a esse especialista encaminhar o paciente a outros níveis de atenção.