“No reino dos fins, tudo tem ou um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem preço, pode ser substituída por algo equivalente; por outro lado, a coisa que se acha acima de todo preço, e por isso não admite qualquer equivalência, compreende uma dignidade.”
Immanuel Kant
Existem temas que hesito em aceitar discorrer sobre ele.
Não é o caso quando se trata de falar de assunto do qual faço parte, como é o dia 08 de março. Porque este tema exige apenas que eu possa explicitar o que sinto, pelo que sou, pelo que vivi, li, vivo e pelo que almejo para todas as mulheres.
E o que almejo?
Que as mulheres sejam respeitadas como pessoas capazes, merecedoras de homenagens e que cada vez mais, possam ocupar lugares diferenciados nas suas várias profissões, com salários justos e oportunidades de crescimento profissional.
Há divergências sobre o dia exato que deu origem ao Dia Internacional da Mulher. Mas, não há dúvida nenhuma, de que eram vilipendiadas, constrangidas por ousarem querer o que lhes era devido, e consideradas rebeldes e mal-agradecidas, se ousassem contestar ou reivindicar melhores condições de salários ou de trabalho. Se nos dias de hoje, ainda encontramos pessoas preconceituosas com relação à capacidade das mulheres, imaginemos na época em que mulheres não tinham direitos a quase nada! Diante disto, não foi por acaso que se criou o Dia Internacional da Mulher.
Paulatinamente, o destemor de algumas mulheres e a grande capacidade de liderança, foram capazes de criar corpo e voz. Unidas, e assim, fortalecidas, foram às ruas, criaram movimentos de resistência. Não recuaram diante de ameaças, de demissões, de punições físicas e psíquicas.
Pessoas idealistas, não visam prêmios individuais. Querem o bem coletivo e isso as motivam.
Com o olhar para os dias de hoje, temos o que agradecer às nossas ancestrais. Especificamente falando sobre a área da medicina, são evidentes os avanços; e na saúde ocupacional, observamos com orgulho, mulheres assumindo cargos de chefias, gerências e diretorias. Merecidamente. Nos Órgãos representativos da nossa classe, além de vir aumentando o quantitativo delas, já assumem também presidências e diretorias num processo de igualdade. E é preciso que isso continue acontecendo.
Apesar disso, o cenário não é de todo, alentador. Porque ainda existem as profissionais mal remuneradas, mesmo realizando tarefas idênticas aos dos seus colegas médicos. Profissionais igualmente competentes e injustiçadas. Para essas, registro o meu carinho, meu respeito e meus desejos de que isso se reverta logo. Não se justifica tanta injustiça!
Para esta reversão, é preciso lembrar que por mais que se avance numa causa, vez por outra parece que ressurgem fantasmas do passado, como indutores de retrocesso. Ainda se ouve piadas de mau gosto sobre mulheres líderes ou que exigem condições de igualdade. Exatamente por isto, é que é preciso ficarmos alertas e combativas. A luta pela igualdade de direitos não é fácil.
Pois não vimos recentemente o que aconteceu numa região do sul do País?
Trabalhadores em condições de trabalho inaceitáveis, sob a aquiescência de alguns e subserviência de outros, que, ao serem libertados, contaram o que seus corpos sofreram, flagelados sem dó, para produzirem mais e mais. Até quando isso ocorrerá? Quantos choros e gemidos não ouvidos por insensibilidade de humanos!
Voltando ao tema do Dia Internacional da Mulher, é preciso lembrar que a passividade e o medo e o egoísmo, travam qualquer avanço. Por isso, desejo que estes adjetivos não façam parte do perfil de quem pode ajudar no processo de empoderamento das mulheres.
Desejo que a cada ano, este dia seja comemorado com inúmeras notícias de conquistas femininas quanto aos seus direitos em todos os sentidos. Que todos os dias, sejam dignos de comemoração por respeitarem nossos direitos! Que não nos tirem o direito à dignidade!
Desejo que as mulheres, que já ocupam cargos altos em seus locais de atuação, olhem e lutem pelas que ainda não o conseguiram.
Porque só se constrói o futuro que se quer, solidificando o presente. E para isso é preciso união, coragem e solidariedade!
Avante!
Edenilza Campos de Assis e Mendes
AFT aposentada- Membro da Câmara Técnica do CREMESP e da Diretoria de Comunicação e das Regionais da APMT- Supervisora do Setor de Normas e Fiscalização do DPME-SP