A Revista Brasileira de Saúde Ocupacional (RBSO) apresenta o artigo “Prevalência e fatores associados à síndrome de burnout entre docentes da rede pública de ensino: estudo de base populacional”. O trabalho busca delinear a presença desse adoecimento entre professores da educação básica de escolas públicas de um município de médio porte – Montes Claros (MG).
Segundo os autores, a “síndrome de burnout (SB), ou síndrome do esgotamento profissional, constitui-se em uma resposta psicológica ao estresse laboral crônico de caráter interpessoal e emocional”. O comprometimento cognitivo e afetivo é uma das características e pode gerar condutas de indiferenças, distanciamento interpessoal e sentimento de culpa. Também podem ocorrer ansiedade, apatia, sintomas físicos e psicológicos. Há casos que levam desde o absenteísmo e licenças médicas frequentes até a incapacidade total para o trabalho.
Para realizar esse estudo epidemiológico, foram selecionados docentes do ensino fundamental e médio de escolas da rede estadual de ensino das zonas urbana e rural. O questionário autoaplicável abordava questões sociodemográficas; aspectos de formação e ocupação; satisfação com o trabalho; condições laborais; e perfil de saúde. Para identificar a ocorrência de SB, foi utilizada a versão em português do instrumento “Cuestionario para la Evaluación del Síndrome de Quemarse por el Trabajo (CESQT)” validada para a população de professores brasileiros.
Houve a participação de 745 docentes, das quais mais de 80% eram mulheres. Constatou-se a prevalência de 13,8% de acometimento de SB-total entre os docentes, e as dimensões mais prevalentes do CESQT, que estão relacionadas ao burnout, foram o “desgaste psíquico” (39,4%) e a “ilusão pelo trabalho” (19,7%). “A probabilidade de ser acometido pela SB foi maior entre os docentes mais novos, com filhos, que eram concursados/efetivos, que estavam insatisfeitos com o trabalho, que apresentavam desejo de mudar de profissão e que relataram a falta de apoio da direção escolar como incômodo relacionado ao trabalho”, analisam os autores.
O artigo ainda traz uma comparação entre os resultados encontrados em Minas Gerais com estudos realizados em outros estados brasileiros e diferentes países. “Espera-se que os resultados deste estudo possam nortear as diretrizes de políticas públicas de prevenção e promoção da saúde ocupacional dos docentes, com vistas a estabelecer intervenções, com estratégias de enfrentamento sobre as variáveis laborais e psicossociais, de modo a prevenir a ocorrência da síndrome de burnout nessa categoria profissional”, concluem os pesquisadores.
Fonte: Fundacentro