A programação do 18º Congresso Nacional teve continuidade neste sábado com um circuito de palestras simultâneas. Foram debatidos “Transtornos mentais”; “Tecnologia da informação a serviço da saúde do trabalhador”; “Toxicologia ocupacional”, além do Fórum Perícia Médica, que abordou diversos temas como “atividades de secretaria e inscrições”; “COVID-19 – Quando e Como existe nexo com o trabalho?”; “Distúrbios Mentais durante a Pandemia da COVID-19 – Como estabelecer nexo com o trabalho Palestrante”; e “Doenças Ocupacionais em tempos de Home office”.
Toxicologia ocupacional
O painel sobre ‘Toxicologia ocupacional’, realizado na Sala Belém, foi coordenado pela Dra. Flávia Almeida, presidente da Associação Paulista de Medicina do Trabalho (APMT). Para detalhar o tema, três especialistas foram convidados para compor as palestras: Dr. José Tarcísio Buschinelli, Gilmar Trivelato e a editora-chefe da RBMT, Dra. Andréa Franco Amoras Magalhães.
O primeiro ponto abordado foi sobre ‘Agentes nocivos: limites de tolerância’ tratado pelo Dr. José Tarcísio Penteado Buschinelli, doutor em toxicologia e professor da Santa Casa. Segundo o especialista, uma observação que esclarece o que pode ser tóxico ou não a um indivíduo ou população é a dose, a via e o tempo de exposição, em linhas gerais. “Até a água pode ser tóxica, tudo depende da dose”, exemplificou.
Ao longo da exposição do tema, o professor falou sobre toxicologia ocupacional, dos principais grupos químicos, como gases e vapores, avaliação dos riscos entre outros pontos. Toxidade é a capacidade inerente de uma substância química em determinada situação provocar danos biológicos e isso depende de um conjunto de variáveis, como tempo de exposição, dose, entre outros. “Não existe toxicologia ‘qualitativa’. Tudo é veneno e nada é veneno. Tudo depende da dose”, resumiu o palestrante. Ainda segundo ele, há necessidade no Brasil de uma atualização de substâncias, quantificação dos limites toleráveis entre outras normas ligadas ao tema com o objetivo de proteger e prevenir doenças nos trabalhadores.
Na segunda apresentação, o professor Gilmar Trivelato, químico de formação, avaliou os anexos da NR15 (11, 12 e 13) que carecem de atualização frente aos novos conhecimentos técnico-científicos.
“As atividades laborais que se desenvolvem com exposição acima dos limites são atividades insalubres. Mas hoje trabalhamos com informações defasadas”, afirmou o Trivelato. No anexo 11, por exemplo, tem uma lista com 193 agentes tóxicos, mas o número é muito maior. Ele precisa ser atualizado, assim como os outros anexos.
“Tem uma revisão em andamento. Muitos desses requisitos estão defasados, são ambíguos, devem ser substituídos por abordagens atualizadas, para que possamos trabalhar com prevenção dos trabalhadores de forma adequada”, disse.
Para finalizar o painel, Dra. Andréa Franco Amoras Magalhães, editora-chefe da Revista de Medicina do Trabalho, falou sobre ‘Intoxicação por agrotóxicos’.
Segundo explicou, 50% da força de trabalho no Brasil é empregada na agricultura e a exposição destes trabalhadores aos agrotóxicos representa risco não só no Brasil, como no mundo.
“A intoxicação é uma questão de saúde pública. O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxico atualmente, e ainda consome esse tipo de produto de procedência clandestina, colocando ainda mais em risco os trabalhadores rurais que manipulam esses produtos químicos sem utilização adequada de EPIs.”