Impacto da Covid-19 em idosos

Paula Cristina Moreira Couras da Silva
Professora Staff da Faculdade de Medicina HUB/UnB/ UNIEURO
Geriatra – RQE Nº: 14252
Médica do Trabalho – RQE Nº: 16334
Médica de Família e Comunidade – RQE Nº: 13062

Infecções tipicamente são diagnosticadas por sintomas como febre, tosse produtiva e dispnéia. Contudo a maioria dos casos de infecção em idosos se manifesta de forma atípica ou assintomática na fase inicial, sem febre e até mesmo sem anormalidades radiológicas e laboratoriais, ou com sintomas mais inesperados como confusão mental e instabilidade postural, delirium, o que pode confundir o médico não treinado em geriatria (1,2,4,7).

Por ainda não conhecermos bem o comportamento da COVID-19 em idosos, esta talvez seja a causa do diagnóstico tardio e da alta mortalidade nessa população, e partindo do princípio que o idoso está imunizado para gripe, neste momento de pandemia, devemos estar atentos para diagnosticar tal patologia neste grupo de pacientes, sabendo que qualquer mudança no estado geral, em relação ao estado anterior, ou ocorrida repentina ou em poucos dias, pode ser um sinal de alerta para COVID-19, podendo, até mesmo estar em estágios mais avançados da doença (1,2,5).

Outro fato de grande importância ao qual devemos ficar atentos é a mortalidade após a alta hospitalar, mesmo com a cura da infecção, pois a própria internação de um paciente idoso associada à infecção é um evento debilitante, que pode gerar a síndrome da fragilidade do idoso (3,4,5,6,7).

A síndrome da fragilidade do idoso é uma condição clínica que resulta em declínio das reservas fisiológicas do indivíduo caracterizada por: perda de peso não intencional, autorrelato de fadiga, diminuição da força de preensão palmar, redução da atividade física e diminuição da velocidade de marcha (3,4,5,6,7).

O tratamento da síndrome da fragilidade não é específico e baseia-se em evitar a iatrogenia subtrativa, alimentação calórica e proteica, exercícios/fisioterapia, banhos de sol e cuidados gerais (1,3,4,6,7,8).

Referências:

1. Current Medical Diagnosis and Treatment: Geriatrics – Williams, B et al. 2a edição. McGraw-Hill Medical, 2015.

2. Desafios do Diagnóstico Diferencial em Geriatria – Moriguti, J.C.; Lima, N.K.C.; Ferrioli, E. Editora Atheneu, 2012.

3. El Solh A, Pineda L, Bouquin P, Mankowski C. Determinants of short and long term functional recovery after hospitalization for community-acquired pneumonia in the elderly: role of inflammatory markers. BMC Geriatr. 2006; 6:12. [PubMed: 16899118]

4. Geriatria Clínica. KANE, R. L; OUSLANDER, J. G.; ABRASS, I. B.. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2005.

5. Hazzard’s – Geriatric Medicine and Gerontology. Halter, J.B.; Ouslander, J.G.; Tinetti, M.E.; High, K. P.; Asthana, S. Seventh Edition. Mcgraw-Hill Companies, 2017.

6. Palmer RM. Acute hospital care of the elderly: minimizing the risk of functional decline. CleveClin J Med. 1995; 62:117–28. [PubMed: 7736629]

7. Restrepo MI, Faverio P, Anzueto A. Long-term prognosis in community-acquired pneumonia. CurrOpin Infect Dis. 2013; 26:151–8. [PubMed: 23426328]

8. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Freitas, E.V.; Py, L.; Neri, A. L.; Cançado, F. A. X.C.; Gorzoni, M.L.; Doll, J. 4ª. Edição. Grupo Editorial Nacional (GEN), 2016.

Por |2020-05-07T13:12:52-03:007 de maio de 2020|Artigos|