ANAMT entrevista a primeira Médica do Trabalho da Paraíba

“Tenho 50 anos de formada, 75 anos de idade e me acho com 40.” Assim se apresenta a Dra. Maria Celeste Celani, primeira mulher a exercer a Medicina do Trabalho na Paraíba. Vivacidade e entusiasmo sobram nas memórias da médica, que cursou Psicologia para entender melhor seus pacientes. “Faria tudo de novo. Valeu a pena!”, comemora.

Moradora de João Pessoa, Dra. Maria Celeste nasceu em Guarabira, a 100 km da capital. Já está aposentada, mas continua a exercer a profissão: “Continuo trabalhando todos os dias, mas com horários mais flexíveis.”

Dra. Maria Celeste trabalha como voluntária, exerce a Medicina do Trabalho como contratada freelancer, faz pilates, caminha pela orla, é síndica do condomínio onde mora, vai a todos os congressos da ANAMT e participa da diretoria da Associação Paraibana de Medicina do Trabalho, onde ocupa o cargo de Secretária.

Casada há 52 anos com um engenheiro, teve três filhos e cinco netos. A neta mais velha, formada em Medicina há dois anos – para orgulho e alegria da avó, que dá seus conselhos:

“Ouça seu paciente, não tenha pressa. Só em ouvir já é um remédio. Sou do tempo que se fazia diagnóstico só de olhar”, orgulha-se.

A vida familiar não a impediu de seguir seus sonhos. Começou a trabalhar com 17 anos como professora. Sempre buscou sua independência financeira, mesmo numa época onde o horizonte das mulheres era ser “dona de casa”. Formou-se em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em 1969, e cursou Psicologia entre 1970 e 1974, “para me completar”, ressalta.

A vocação para a Medicina do Trabalho surgiu por acaso. Tão logo se formou, trabalhou na fábrica Portm, onde “inaugurou” a especialidade. “Era tudo empírico naquela época. Fui chamada para trabalhar como clínica e ginecologista no ambulatório montado na fábrica. Não tinha nada na empresa na ocasião. Implantei todo o serviço médico da organização”, lembra. Foi nessa época em que surgiu a primeira turma de pós-graduação em Medicina do Trabalho em João Pessoa, na Fundacentro, onde obteve o título em 1974. “Me encantei com a especialização”, confessa a médica.

Quando fala sobre a ANAMT, faz questão de frisar que nunca faltou a um congresso da entidade. “São assuntos novos, oportunidade de encontrar com pessoas, conhecer outras. Atualizo o conhecimento com as pesquisas apresentadas, fico a par dos novos aparelhos e ainda aproveito para a conhecer a cidade”. Também elogia o site da associação, onde tem acesso ao Jornal da ANAMT e às informações e normas atualizadas sobre o setor.

Em meio ao Dia Internacional da Mulher, a médica fala sobre a importância da presença feminina na Medicina: “A mulher no mercado de trabalho é muito importante. Ela é mais afetiva, sensível, sente mais a dor do paciente. A mulher é a flor e o perfume do ambiente”.

Para Dra. Maria Celeste, o futuro da Medicina do Trabalho “é brilhante”. E ainda dá um conselho aos empresários: “Investir na Medicina do Trabalho é um benefício. Gasta-se agora e ganha-se lá na frente”, conclui.

Por |2020-03-09T10:23:19-03:0010 de março de 2020|Institucional|