Nos últimos anos, houve queda importante nas taxas de vacinação no Brasil e isso resultou no preocupante cenário de 2017, quando praticamente todas as vacinas indicadas para os dois primeiros anos de idade das crianças não atingiram a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde. É o caso da vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola, a cobertura ficou em 86% para esse público no período, quando o ideal era atingir 95%.
Devido a essa baixa cobertura vacinal, o Brasil ficou vulnerável e algumas doenças que já estavam eliminadas, como o sarampo, reapareceram. Isso fez com que o país perdesse o certificado de eliminação da doença, concedido em 2016 pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Entre setembro e novembro, 5.660 casos de sarampo foram confirmados e 19 estados ainda estão em transmissão ativa do vírus. A maioria dos casos (90,5%) estão concentrados em 176 municípios (27%) do estado de São Paulo, principalmente na região metropolitana.
Para reverter essa situação, o Ministério da Saúde criou o Movimento Vacina Brasil, que foca em ações para conscientizar a população sobre a importância de vacinar durante todo o ano e não apenas em períodos de campanha. O Brasil também possui o maior programa público de imunização do mundo e a vacina é o método mais eficaz para prevenir doenças. Para manter esse patrimônio do país será preciso o envolvimento de toda a sociedade, o que envolve os profissionais de saúde, os gestores e a população.
Com o foco de conter os surtos ativos, lançamos duas etapas para a Campanha Nacional de Vacinação contra o sarampo, dentro do Movimento Vacina Brasil. A 1ª focou
nas crianças de 6 meses a 5 anos, público que mais sofre complicações da doença. Agora o esforço é voltado para adultos com idades entre 20 e 29 anos, faixa etária que
acumula maior número de casos confirmados, cerca de 9 milhões de pessoas. Aqui, vale lembrar que para garantir a imunidade é preciso ter duas doses da vacina, respeitando intervalo mínimo de 30 dias entre elas.
Para atender essa demanda, o Ministério da Saúde está realizando a maior distribuição de vacinas contra sarampo em uma década. Nós também já disponibilizamos R$ 103 milhões (metade do bônus de R$ 206 milhões) criado para incentivar os municípios brasileiros a vacinar em massa crianças entre seis meses e cinco anos de idade. Por conta disso e da primeira etapa da campanha, o Brasil atingiu a meta de vacinação de sarampo de 2019 com 97% de cobertura vacinal em crianças de até 1 ano, melhor cobertura vacinal dos últimos cinco anos.
Mudar a realidade da baixa cobertura vacinal é um compromisso do Governo do Brasil, mas é preciso compromisso dos agentes públicos para que municípios de todos os
cantos do país saiam da zona de baixos índices de vacinação. É preciso ir além de tudo que já foi feito, precisamos provocar o envolvimento da sociedade. É necessário que todos se conscientizem da importância da vacinação.
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Dr. Luiz Henrique Mandetta
Ministro da Saúde
Possui graduação em Medicina pela Universidade de Gama Filho e pós-graduação em ortopedia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Obteve a especialidade
de ortopedia pediátrica pelo Scottish Rite Hospital for Children em Atlanta e é especialista em gestão de serviços e sistema de saúde pela Fundação Getúlio Vargas.