Data: 6 de setembro
O artigo de autoria de Airton Tavares de Almeida Junior, tecnologista da Fundacentro de Minas Gerais, revela a importância da barita (mineral de sulfato de bário) como barreira protetora contra a radiação X, e fundamental para a proteção radiológica do trabalhador.
O Pós-Doutor em Tecnologia Nuclear e demais autores, tiveram o artigo “ESPECTROS DE RAIOS-X TRANSMITIDOS POR ARGAMASSAS DE BARITA APLICADAS COMO BLINDAGENS EM RADIOLOGIA DIAGNóSTICA” publicado na IOP Publishing e comenta em breve entrevista a importância do tema.
A.R. Qual a relevância do tema proposto para a saúde dos trabalhadores e a contribuição acadêmica?
AIRTON: O conhecimento das características de atenuação das argamassas de barita, como barreiras protetoras contra a radiação X é fundamental para a proteção radiológica do trabalhador, tendo em vista que contribui para assegurar a eficiência e a qualidade dos projetos de blindagem e, consequentemente, proporcionar uma proteção adequada aos indivíduos do público e aos trabalhadores ocupacionalmente expostos à radiação X.
Do ponto de vista acadêmico, representa uma inovação no desenvolvimento tecnológico, porque, na prática, o dimensionamento da argamassa e do concreto de barita utilizados no revestimento e na construção de paredes, respectivamente, é determinado pelo princípio da equivalência de espessura em relação ao concreto ou chumbo. Esse procedimento ocasiona um dimensionamento superestimado, tendo em vista a possibilidade de ocorrer erros bastante significativos, em função da diferença de densidade específica entre o chumbo ou concreto e a barita. Além de produzir, muitas vezes, sobrecarga na estrutura da instalação e aumento do custo da proteção radiológica. Esse fato é decorrente da literatura técnica ainda carecer de dados específicos referentes às características de blindagens utilizando a argamassa de barita, frente às diversas energias de radiações X.
A.R. Qual o objetivo do artigo?
AIRTON: O objetivo deste trabalho é caracterizar as argamassas de barita creme, branca e roxa, como materiais atenuadores contra a radiação X. Esses materiais são oriundos de diversas regiões do Brasil e são utilizados como blindagens em serviços de radiologia.
Esse artigo científico é produto do trabalho compartilhado entre a Fundacentro de Minas Gerais com as seguintes instituições: Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP/ESCOLA DE MINAS), Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN/MG), Centro Regional de Ciências Nucleares (CRCN/PE) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/SP).
A.R. O artigo faz referência à “otimização do custo de proteção radiológica”. O senhor poderia explicar melhor?
AIRTON: O sistema de proteção radiológica, recomendado pela Comissão Internacional de Proteção Radiológica – ICRP para práticas propostas e existentes, baseia-se nos princípios gerais de justificação, de otimização e da limitação de dose e risco. Tais princípios fazem parte de um sistema coerente, não podendo ser tratados de forma isolada. A otimização da prática consiste em considerar qual a melhor forma de utilizar os recursos para reduzir os riscos da radiação para os trabalhadores e para a população. A ICRP considera que tanto o bom senso quanto técnicas complexas de análise custo-benefício auxiliam na decisão de que suficiente esforço foi aplicado para reduzir o detrimento associado com a prática.
A.R. Como são realizadas as pesquisas na Fundacentro de MG no segmento nuclear?
AIRTON: As pesquisas desenvolvidas na Fundacentro de Minas Gerais, na área nuclear, visam estabelecer um padrão apropriado de proteção às pessoas que estão expostas às radiações ionizantes por motivo de trabalho (profissionais ocupacionalmente expostos) e aqueles que estão próximos às fontes de radiação (indivíduos do público). Esses procedimentos estão baseados nos princípios da justificação, da otimização e da limitação da dose ou risco. E, são realizadas por metodologias que incluem a confiabilidade instrumental. Estudos da Fundacentro de MG mostram também que, a exposição inadequada às radiações ionizantes – utilizadas para diagnóstico e terapia – pode causar a médio e longo prazo uma série de danos à saúde, como o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer, em função do desencadeamento de mutações genéticas. Mas, essa situação de risco pode ser modificada à medida que exista maior conscientização dos cuidados no manuseio e utilização de técnicas que envolvam as radiações ionizantes. Como também, acreditamos que o trabalho compartilhado entre os órgãos públicos, as entidades de classe e a própria Fundacentro representam um importante papel no treinamento e habilitação dos profissionais que atuam nesta área.
(Fonte: Fundacentro)