Faleceu nesta terça (19), em São Paulo, o Prof. Marco Segre. Ex-diretor da ANAMT e ex-conselheiro do Cremesp, Segre foi um dos grandes nomes da Bioética brasileira.
Querido por muitos, o professor Segre, como era conhecido, foi Conselheiro do Cremesp de 1993 a 2003. Neste período, ocupou a diretoria da Casa em três ocasiões: entre 1993 e 1995, como diretor do departamento Jurídico; de 2000 a 2002, diretor vice-Presidente e de 2002 a 2003, retornou ao departamento Jurídico.
Defensor constante do princípio da Autonomia, em especial, no contexto de atendimentos médicos, Segre foi criador e primeiro coordenador da Câmara Técnica Interdisciplinar de Bioética do Cremesp, além de um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB), entidade na qual também ocupou o cargo de Presidente.
Alguns passos de sua trajetória
Médico formado pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), professor emérito da mesma faculdade e sanitarista pela Faculdade de Saúde Pública da USP, o professor Segre dedicou as últimas três décadas de trabalho quase exclusivamente ao campo da Bioética.
Autor de vários livros e capítulos de livros voltados ao tema, ganhou o prêmio Jabuti de literatura de 1996, na categoria Ciências Sociais e Medicina, pelo livro Bioética (Editora Edusp), organizado ao lado do também professor de Bioética da Usp, Cláudio Cohen.
Participou também da organização do livro Iniciação à Bioética, do Conselho Federal de Medicina (CFM), em 1998, entre vários outros.
Alguns pensamentos expressados pelo professor Segre:
(em entrevista dada ao Centro de Bioética, no ano de 2006. Vide integra aqui)
Em termos conceituais, filosóficos, a condição de autonomia plena é utópica, porque todos nós, em todas as fases da vida, sofremos grande quantidade de influências. A começar pelo nosso DNA, que nos condiciona em vários aspectos, além de nossas próprias experiências individuais.
Nunca uso “ética” como adjetivo. ético ou antiético. De acordo com determinados fatores culturais, o que para alguns pode ser ético, para outros não, da mesma forma que a autonomia e seus limites vão se definir de acordo com a sociedade, entendimento, cultura…
Prefiro usar o termo “ético” como substantivo. Isto é, uma área de reflexão sobre valores. Tanto que denomino ética da Reflexão Autônoma.
(o início e o fim da vida) São apenas de momentos da evolução da vida. Para fins de relacionamento humano o que vale é o olho no olho, como dizia Mário Covas. é procurar construir parceria com sintonia, empatia e solidariedade com o doente, tentando, o quanto possível, decidir-se pelo melhor.
Fonte: Cremesp