Crianças e adolescentes devem ser livres para não trabalhar e ir à escola, defende vencedor do Prêmio Nobel

Crianças e adolescentes devem ser livres para não trabalhar e ir à escola, defende vencedor do Prêmio Nobel

Data: 4 de fevereiro

O ativista indiano Kailash Satyarthi, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2014, encerrou, nesta terça-feira (2), a Campanha Nacional de Combate ao Trabalho Infantil 2015/2016 da Justiça do Trabalho com uma palestra no Tribunal Superior do Trabalho. Reconhecido mundialmente por sua atuação pela libertação de crianças e adolescentes do trabalho degradante em todo o mundo, Kailash defende uma abordagem holística para o problema. “Não adianta construir escolas se a pobreza impede a criança de chegar à escola”, afirmou.

A palestra foi acompanhada pelo presidente do Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina (TRT-SC), desembargador Gracio Petrone, e também pela corregedora do Tribunal, desembargadora Lourdes Leiria. Eles foram a Brasília participar de uma reunião com dirigentes de TRTs de todo o país que tratou de medidas alternativas para enfrentar o corte no orçamento deste ano.

“é contagiante ouvir uma pessoa que há 35 anos se dedica a esse tema”, afirmou Lourdes Leiria, destacando o esforço do ativista em propor uma visão mais profunda sobre o tema. “Ele nos ajuda a perceber que esse é um problema de todos, e que no longo prazo vai afetar toda a sociedade”, observa ela, que também é gestora do Programa de Combate ao Trabalho Infantil da Justiça do Trabalho.

Liberdade

Em sua palestra, Kailash Satyarthi disse que a liberdade para ir à escola, somada ao apoio da família e a políticas públicas, é essencial para o desenvolvimento socioeconômico da criança, inclusive com efeitos diretos em sua vida adulta. “Atualmente, existem 168 milhões de crianças trabalhando no mundo e, em regra, são parentes dos 200 milhões de adultos desempregados”, observa. “O trabalho infantil tem como consequência o desemprego no futuro, portanto a sua erradicação é uma questão econômica séria”.

Em relação ao Brasil, Satyarthi avalia que, apesar de mais de três milhões de crianças e adolescentes serem vítimas do trabalho infantil, o país tem boas condições de avançar nesse campo. “O Brasil tem uma legislação mais progressista do que as leis internacionais, boas políticas públicas como o Bolsa Família e instituições engajadas na causa”, destacou.

Visibilidade

O ativista considera que o Nobel da Paz, mais do que premiar sua atuação pessoal, reconheceu a importância da sua causa, e a visibilidade alcançada aumentou sua responsabilidade para continuar a erradicação do trabalho infantil. Kailash considera impossível alcançar as metas do milênio estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), entre elas a educação para todos, se mais de 160 milhões de crianças trabalham e, consequentemente, não vão à escola. “Nas reuniões com autoridades, reafirmo a necessidade de globalizar a nossa visão favorável à erradicação do trabalho infantil”, disse.

Ao apresentar o palestrante, o ministro Barros Levenhagen relatou diversas ações realizadas por Satyarthi, entre elas a liderança do resgate de cerca de 80 mil crianças do trabalho forçado e a construção do movimento e da mobilização global contra o trabalho infantil, que reúnem mais de 2 mil organizações não governamentais e 7,2 milhões de pessoas em mais de 140 países.

(Fonte: Portal Nacional de Direito do Trabalho)

Por |2016-02-04T08:33:01-02:004 de fevereiro de 2016|Notícias|