No AM, operação da PF encontra 20 trabalhadores em regime escravo

No AM, operação da PF encontra 20 trabalhadores em regime escravo

Data: 18 de setembro

Durante a operação ‘Filão do Abacaxis’, a Polícia Federal identificou 20 trabalhadores em regime análogo ao escravo. Eles não recebiam pelo trabalho nem podiam sair do garimpo, situado numa área de floresta, de difícil acesso. A ação desarticulou um esquema de exploração ilegal de ouro e degradação ambiental no município de Mauésx, distante 257 km de Manausx.

A operação teve início na quinta-feira (17). A investigação identificou que aproximadamente 70 hectares de floresta foram derrubados para permitir a exploração do garimpo e que mais de 200 quilos de ouro, avaliados em mais de R$ 27 milhões, já foram extraídos desde sua invasão.

De acordo com Anelise Koerich, chefe substituta da Delegacia Ambiental no Amazonas, os trabalhadores não recebiam salários há seis meses. Outros 30 funcionários do garimpo recebiam tratamento diferenciado, com pagamento em dia. No local havia um alojamento.

Os policiais também encontraram máquinas para exploração de ouro avaliadas em R$ 7 milhões, duas pistas de pouso, além de material químico como cianeto e mercúrio, que seriam utilizados na extração do minério. Todo esse material foi destruído.

Operação

A PF informou que a área do garimpo foi invadida em 2012 e vem sendo usada por grupo econômico ligado a uma empresa para lavar os lucros recebidos com a exploração de ouro retirado do local. A operação foi realizada em conjunto com o Ibama e o Exército Brasileiro.

“Foram confirmados três proprietários do garimpo e um está sob investigação. Um deles era dono de um dos maiores alojamentos do local e pagava seus funcionários, diferentemente do sócio que submetia os funcionários ao trabalho escravo”, disse Anelise Koerich.

A Polícia Federal identificou a sede da empresa mineradora, que está localizada em Manaus, e é responsável pela lavagem do dinheiro. Outras duas filiais “fantasmas”, situadas nos estados de São Paulo e Santa Catarina, também já foram identificadas. Os proprietários foram identificados, sendo dois amazonenses e um catarinense. Este último possui uma empresa de transporte e de alimentos em seu estado de origem.

Os suspeitos serão indiciados pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, além de diversos crimes ambientais. Na operação, a Polícia Federal cumpre três mandados de prisão, quatro de busca e apreensão e mais seis mandados de condução coercitiva. Ao todo, no esquema de lavagem de dinheiro estão sendo investigadas 15 pessoas e a pena para os proprietários pode chegar a mais de 30 anos de prisão.

Danos ambientais

Segundo Tatiane Leit, fiscal do Ibama, os danos ambientais ainda estão sendo mensurados. Mas pelo impacto, inicialmente avaliado, ela acredita que a recuperação da área degradada será lenta. “Foram encontradas pias de lixiviação contendo cianeto e visivelmente vimos mercúrio no local. Os danos serão calculados, mas é confirmado o assoreamento dos rios próximos, desmatamento de uma área extensa, entre outras questões”.

O garimpo Filão do Abacaxis, que leva o nome da operação, fica em uma área de difícil acesso, no coração da Floresta Amazônica. O município de Maués é uma das principais zonas de produção de ouro do Amazonas.

(Fonte: G1)

Por |2015-09-21T11:12:19-03:0021 de setembro de 2015|Notícias|