Data: 25 de agosto
Garis denunciam que são obrigados a comprar Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para poder trabalhar com segurança, em Goiânia. Segundo os servidores, itens como botas, luvas, chapéus, protetor solar e até mesmo o uniforme não são entregues pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). O órgão, por sua vez, admite dificuldades, mas nega que não esteja repassando os materiais.
Alguns funcionários vão para as ruas usando bota e chapéu de caubói. Mesmo assim, eles ficam expostos a riscos como queimaduras e lesões com objetos cortantes.
“Protetor solar já tem uns quatro ou cinco anos que não tem. Fica só na promessa e é lei. Deveriam estar dando. [Quem tá de luva] é porque comprou porque, se a empresa tiver dando, só se for para coletor [servidores que atuam nos caminhões de coleta]”, diz um gari que não quis se identificar.
Os uniformes de alguns deles também apresentam rasgados que foram costurados por várias vezes. Diante da falta, a única alternativa é tirar do próprio bolso para garantir segurança.
“O certo seria [a Comurg dar] a bota, mas como não vem, não pode trabalhar de pé no chão. Tem quase um ano que não chega [equipamentos]”, revela outro servidor.
Dificuldades
O presidente da Comurg, Ormando Pires, informou que a empresa vencedora da licitação não entregou uniformes dentro do prazo, o que atrasou o repasse. No entanto, ele alega que a segunda colocada assumiu a demanda e já está liberando as roupas.
“Os materiais estão sendo entregues. Temos 38 pontos distribuídos pela cidade onde eles estão sendo entregues. Nós já repassamos 2.464 unidades”, frisa.
Ele explicou que os EPIs são entregues a cada seis meses e que há um acompanhamento para reposição em casos esporádicos. Pires afirma ainda que metade dos servidores já está com os materiais, inclusive os que atuam em áreas com risco maior, como coleta hospitalar, orgânica e seletiva.
Acidentes e mortes
De acordo com a auditora fiscal da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Goiás (SRTE/GO), Jacqueline Carrijo, vários funcionários da Comurg já denunciaram as condições críticas de trabalho. O órgão apura, inclusive, casos de morte.
“Na medida das nossas condições, temos empreendido esforço fiscal. São mais de 200 autos de infração lavrados, cinco investigações de acidentes fatais e um número alarmante de doentes e de mortos no mesmo órgão. Isso revela a má organização do trabalho e negligência por parte da administração”, pondera.
Ela reforça ainda que, caso as normas de segurança não seja atendidas em sua totalidade, a superintendência estuda até ordenar a interrupção da atividade.
“Não é recomendação, é uma exigência legal que o serviço especializado em medicina e segurança do trabalho da Comurg sabe muito bem. Normas de segurança impõem um mínimo de equipamentos necessários para a integridade física do trabalhador. Sem EPI, eles não podem trabalhar”, avalia.
(Fonte: G1)