Data: 17 de junho
No auditório da Fundacentro, na tarde de ontem (16), sindicalistas e profissionais da área de SST participaram do 47º Encontro Presencial do Fórum Acidentes do Trabalho, evento coordenado por Maria Maeno, pesquisadora da entidade e realizado pela Faculdade de Saúde Pública/USP, Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP e Secretaria da Saúde do Governo do estado de SP.
Durante o evento, palestrantes convidados expuseram os rumos da atuação sindical e como contribuir para aproximar os trabalhadores na luta por melhores condições de trabalho, frente às novas formas de organização e das relações do trabalho.
O espanhol Pedro Linares, membro da Confederação Sindical das Comissões Obreras e do Instituto Sindical de Trabalho Ambiente e Saúde da Espanha, acredita que uma das formas de aproximar os sindicatos dos trabalhadores é compreender quais fatores interferem no ambiente de trabalho, e buscar alianças com especialistas da área da saúde para que possam adquirir conhecimento acadêmico. “Precisamos socializar as negociações e cobrar das empresas a responsabilidade por melhores condições no ambiente de trabalho”, destaca.
O sindicalista explica também que em razão da alta taxa de desemprego na Espanha, os trabalhadores acabam assumindo funções muitas vezes inaceitáveis diante das poucas ofertas de vagas. Para ele, a destruição não é só do emprego, mas das condições de segurança e saúde do trabalho. Ainda de acordo com Linares, antes da crise, o país possuía apenas 6% de trabalhadores sem a cobertura da previdência; agora, já ultrapassa mais de 50%.
Em entrevista realizada com trabalhadores de indústrias automobilísticas e montadoras do ABC, conduzida por José Augusto Pina da FIOCRUZ, a intensificação do trabalho se revela acentuada. Parte dos trabalhadores relatou ter o sentimento de impotência diante da carga horária exigida, que em muitas situações ultrapassava um período de 30 dias consecutivos de trabalho sem nenhum dia de folga.
Pina destaca que o maior desafio para os sindicatos é compreender o cotidiano e a vivência desses trabalhadores a partir da perspectiva deles. “As empresas mantém pressão permanente sobre os trabalhadores e a percepção do trabalhador não deve ser individualizada, mas compartilhada no coletivo”, observa.
Para o pesquisador na temática de Processo de Trabalho e Saúde, vivemos em um período de transição das relações de trabalho e os acordos de produtividade estão impactando diretamente nos trabalhadores que em muitas vezes participam das negociações, e reforça que a conscientização deve ser coletiva sob a perspectiva do trabalhador.
Durante o evento, Ildeberto Muniz de Almeida da UNESP levou ao conhecimento dos participantes, manifesto de apoio em defesa da NR-12 e repúdio ao Projeto de Decreto Legislativo 1408 (PDC) que pretende acabar com a Norma que vem contribuindo para a prevenção dos acidentes de trabalhadores que operam máquinas e equipamentos. De acordo com os dados apresentados por Almeida, tendo como fonte a Previdência Social (2013), 72 mil trabalhadores sofrem algum tipo de amputação durante as atividades realizadas em máquinas. Sobre esse assunto, a Fundacentro, representada pelo engenheiro Roberto Giuliano participa da nova proposta sobre a NR-12, cujo texto se encontra em avaliação pela Comissão Nacional Tripartite Temática.
A abertura do Fórum foi realizada por Ana Maria Tibiriçá, representando a Diretoria Técnica da instituição.
Confira alguns dos materias apresentados na palestra de Pedro Linares clicando nos links a seguir:
Los sindicatos como fuente de mejora de los lugares de trabajo
Propuestas Sindicales Campaña Cáncer Cero en el Trabajo
O Fórum
O 47º Encontro Presencial é uma iniciativa de extensão do Fórum Acidentes do Trabalho.
Coordenado pelos professores Rodolfo Andrade Gouveia Vilela da Faculdade de Saúde Pública e Ildeberto Muniz de Almeida da FMB-UNESP, o Fórum já promoveu 50 encontros presenciais em um período de 6 anos.
A Fundacentro é uma das parcerias no Fórum Acidentes do Trabalho.
Fonte: Fundacentro