Data: 28 de julho
No Ceará, a principal causa de afastamento dos trabalhadores são as doenças psiquiátricas, como transtornos mentais e depressão. O dado é do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Na lista, depois vêm as doenças ortopédicas, entre elas, as lesões por esforço repetitivo. Muitos desses afastamentos podem ser considerados acidentes de trabalho.
“Muitas atividades, que outrora não tinham o adoecimento reconhecido, passaram a tê-lo. O próprio INSS hoje já tem uma série de doenças que, pelo próprio caráter epidemiológico que ele próprio configurou nos últimos dez anos, já entende que aquela doença num determinado setor profissional já configura acidente de trabalho”, afirma o procurador do Trabalho, Leonardo Holanda.
O CETV 2ª; Edição e o Bom Dia Ceará exibem a série de reportagens, “Epidemia Silenciosa”, sobre o meio ambiente e acidentes de trabalho. As reportagens serão exibidas de segunda-feira (28) a quarta-feira (30) nos dois jornais e publicadas no G1 Ceará.
Durante 30 anos, Cléber Rego trabalhou como bancário. Ele teve uma hérnia de disco e depois vários problemas psicológicos por causa da queda na produtividade e do excesso de cobranças da função que ocupava. “Eu era simplesmente responsável por tudo. Pressão, depressão, tratamento psicológico, tudo isso me levou a uma anorexia nervosa, que quase me levou a óbito”, conta. O caso de Cleber, como de outros trabalhadores em busca de direitos, chegam cada vez mais à Justiça.
Esforço repetitivo
Além das doenças psiquiátricas, o afastamento do trabalho pode vir de forma inesperada ou depois de uma rotina de muito esforço repetitivo. Uma administradora de empresas, que não quer ser identificado, trabalhou durante dez anos o dia todo no computador. A consequência veio de forma lenta e irreversível. Ela adquiriu uma tendinite crônica. Atualmente, só consegue digitar por pouco tempo e usando um tipo especial de luvas. Já fez duas cirurgias e deve passar por outras duas.
A lesão por esforço repetitivo é um problema que muitos trabalhadores sentem, mas que ninguém vê. Quando se pensa em acidente de trabalho logo vem à cabeça um fato inesperado, como uma queda, um corte, algo que cause um ferimento ou uma lesão visível. Mas nos últimos anos, as doenças ocupacionais também atingem o trabalhador de forma agressiva.
“O doente de tendinite ou de bursite, como é uma doença que não salta aos olhos, diferente de um braço amputado, que todo mundo vê, a doença dele é oculta, então, as pessoas não acreditam que ele esteja doente porque não salta aos olhos”, afirma a analista pericial do Ministério Público do Trabalho (MPT) Ayla Maria Cavalcante.
Fonte: G1