Defesa de dissertação levanta questões sobre a Auditoria Fiscal do Trabalho

Defesa de dissertação levanta questões sobre a Auditoria Fiscal do Trabalho

Data: 25 de julho

No dia 10 de julho, o aluno de Pós-Graduação da Fundacentro, Marcos Ribeiro Botelho, apresentou sua defesa de dissertação, sob orientação do pesquisador da Fundacentro Gilmar da Cunha Trivelato. Na banca estavam presentes, a pesquisadora da Fundacentro, Thaís Helena de Carvalho Barreira e o Professor da Faculdade de Medicina de Botucatu – Unesp Ildelberto Muniz Almeida.

Botelho optou por fazer um trabalho voltado para área de políticas públicas de saúde e segurança abordando a “Investigação de Acidentes de Trabalho e Prevenção: Análise das Práticas de Auditoria Fiscal do Trabalho”.

Para falar sobre o tema Marcos analisou casos graves e fatais de empresas de porto pequeno, médio e grande nas cidades de Belo Horizonte, Betim e Contagem em MG, mostrando as prováveis causas para os acidentes: falta de dispositivos de segurança nas máquinas, modo operatório inseguro, capacitação insuficiente, dentre outros. Com base nessas pesquisas, o objetivo era saber se as análises de acidentes de trabalho elaboradas têm contribuído para prevenção de novos acidentes, bem como os principais acidentes dentro do território geográfico pesquisado.

O autor revela que dos 46 mil acidentes de trabalho em Minas Gerais, 13 mil aconteceram nessas três cidades. Para ele, a principal motivação para a realização da pesquisa foi que o tema ainda carece de estudos e maior aprofundamento.

Para realizar a pesquisa, Botelho contou com o apoio da Superintendência Regional do Trabalho de Minas Gerais, que arquiva o relatório impresso das análises feitas pela auditoria fiscal. Ele contou também com entrevistas de 11 dos 13 auditores fiscais que participaram das análises de acidentes.

Durante o estudo, foi levantada a não adequação das máquinas pela ausência de sistemas de segurança.

O Pesquisador utilizou como referencial teórico o modelo da corrente, desenvolvido por pesquisadores da Suécia, que conta com cinco elos: notificação, seleção, investigação, disseminação do conhecimento e prevenção.

Botelho notou que, embora a empresa fosse notificada, as máquinas continuavam a ser usadas sem proteção. Com a pesquisa, Marcos chegou a questionar o porquê dos empresários, apesar de alertados, não adequaram suas máquinas.

Os resultados obtidos mostram que a contribuição das investigações de acidentes de trabalho elaboradas pela Auditoria Fiscal do Trabalho para a prevenção de novos eventos, sob a ótica do “Modelo da Corrente”, apresenta-se pouco efetiva, devendo o poder público adotar ações para reforçar, principalmente, os elos da disseminação e da prevenção.

Durante a exposição da banca examinadora, Ildeberto Almeida levou o assunto para a área da saúde e fez uma citação de empresa do ramo calçadista, no interior da Bahia, onde o número de acidentes de trabalho foi alto, mas não havia assistência médica próxima à cidade para atender aos casos.

Almeida elogiou o trabalho, mas admitiu ter ficado chateado com o resultado. “Eu gostei muito do seu trabalho, embora a conclusão tenha me deixado triste.” Marcos disse sentir essa mesma frustração todos os dias. “A gente não consegue mudar o ambiente de trabalho. Interdita. Notifica. E pouca gente consegue alterá-lo.”

Thaís Barreira elogiou o aluno por ter persistido durante o curso no mesmo assunto e levar esse questionamento para o trabalho que foi elaborado. “Fiquei muito contente com o resumo, com as partes, porque eu achei que você justamente estava pondo o dedo aonde que você tinha mostrado uma inquietação, lá no comecinho do curso, então isso pra gente é uma satisfação.”

Para o orientador da dissertação, Gilmar Trivelato, há um grande interesse em transformar o trabalho em artigo para publicação.

Fonte: Fundacentro

Por |2014-07-29T08:52:56-03:0029 de julho de 2014|Notícias|