Data: 20 de junho
A Agrosul Agroavícola Industrial S.A. teve máquinas e atividades interditadas por Auditores-Fiscais do Trabalho no Rio Grande do Sul. A força-tarefa, com a participação de vários órgãos, realizou-se entre os dias 10 e 12 de junho. Além de máquinas desprotegidas, o ritmo acelerado da produção trazia riscos de adoecimento aos trabalhadores.
A unidade da empresa, localizada em São Sebastião do Caí, região metropolitana de Porto Alegre, abate 76 mil frangos por dia. Os empregados movimentavam caixas com 30 quilos, quando o máximo estipulado é 23 quilos. Para condicionamento do material os empregados suspendiam de 15 a 18 quilos em alturas de quase dois metros. “é extremamente prejudicial para os ombros e a coluna”, afirma o Auditor-Fiscal do Trabalho Mauro Muller, que coordenou a ação.
Segundo ele, além disso, os empregados exerciam 72 ações técnicas por minuto – principalmente no setor de embalagem de frango -, mesmo o limite sendo de 30 para não causar Lesão do Esforço Repetitivo – LER, principalmente nos membros superiores.
Em cada turno, a Agrosul permitia três pausas de 10 minutos. O mínimo estipulado é de cinco em ambiente diferente e salubre. “Todos os trabalhadores entrevistados apresentaram queixa de dor e de que se sentem muito cansados ao final da jornada”.
Os Auditores-Fiscais paralisaram imediatamente as máquinas após a constatação do grave e iminente risco à saúde e à integridade física dos trabalhadores, ao encontrar um andaime tubular apenas apoiado, instalações elétricas provisórias de duas betoneiras e da serra circular. “Também embargamos uma obra em andamento dentro da área do frigorífico por total falta de condições para garantir a saúde e segurança”, completa Mauro.
Depoimentos
Para os dirigentes sindicais de trabalhadores que acompanham a força-tarefa, a aplicação e fiscalização da Norma Regulamentadora – NR 36, que dispõe sobre o trabalho em empresas de abate e processamento de carnes e derivados, pode garantir melhorias no setor e mais dignidade para os trabalhadores.
O Ministério Público do Trabalho – MPT entrevistou vários empregados que sofreram não só o adoecimento por causa do ritmo produtivo e excesso de jornada, mas também situações envolvendo a falta de atendimento médico, assédio moral e claro desrespeito à legislação. Uma grávida foi despedida por justa causa. A empresa considerou abandono de emprego sua ausência durante nove dias por motivos de saúde. Outra trabalhadora não conseguiu atendimento médico na empresa, precisou ir ao hospital e a supervisão não aceitou o atestado. Após o episódio, ela foi transferida de setor sem justificativa.
Há mais forças-tarefas previstas até o final do ano. Em 2015, o alvo serão os frigoríficos bovinos. Desde janeiro, a Auditoria-Fiscal do Trabalho realizou ações fiscais na Companhia Minuano de Alimentos (Passo Fundo), da JBS Aves Ltda. (Montenegro) e na BRF S.A. (Lajeado). Em todas foram constatadas irregularidades nas áreas de segurança e proteção de máquinas e em relação à ergonomia. “Quando agravadas, as lesões causadas pelas repetições podem causar até a incapacidade do trabalhador”, afirma Mauro.
Confira as demais máquinas e atividades interditadas:
– Torno mecânico da marca Nardini 300 IV e uma máquina esmeril sem identificação, localizados na Sala de Manutenção;
– Atividades de movimentação manual de cargas dos setores de paletização do setor de expedição (paletização e entrada do túnel de congelamento) e atividade de descarga do veículo no setor de plataforma;
– Atividades de embalar frango com a utilização de funis e atividade de “bater produto” do setor de embalagem secundária;
– Trabalho na torre de gelo;
– Atividade de abastecer a fornalha da fábrica de farinha
Com informações da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego – SRTE/RS e do Ministério Público do Trabalho – MPT.
Fonte: Revista Proteção