Data: 19 de março
A Fundacentro participa nos meses de março, abril e maio de trabalho de campo na cidade de Corinto/MG. A ação dá continuidade à avaliação dos trabalhadores expostos à sílica na atividade de lapidação de quartzo. O estudo é coordenado pela médica pneumologista Ana Paula Scalia Carneiro, do Serviço Especializado em Saúde do Trabalhador – SEST do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.
A pesquisa faz parte do Projeto ARCUS, acordo de cooperação entre a UFMG e a Universidade de Lille, da França. O médico pneumologista da Fundacentro, Eduardo Algranti, avaliará os trabalhadores em conjunto com as médicas Ana Paula Carneiro e Nathalie Cherot Kornobis, pesquisadora da Universidade de Lille, que permanecerá em Minas Gerais de 2 de março a 30 de maio.
“Esse estudo tem como objetivo avaliar a importância do conhecimento dos marcadores inflamatórios no sangue e ar exalado de trabalhadores expostos à sílica, observando o desenvolvimento ou agravamento da silicose, assim como avaliar qualitativa e quantitativamente a exposição, visando o posterior estabelecimento de um plano de prevenção primária da doença”, explica Algranti.
A pesquisadora francesa também participará da elaboração de um banco de dados, que permitirá a preparação de trabalhos científicos. A exposição dos trabalhadores à sílica, por sua vez, será avaliada pelo tecnologista da Fundacentro/MG, Lenio Amaral. Já a Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP é responsável pelas coletas de material biológico e análises laboratoriais de marcadores inflamatórios no sangue.
Até o momento, o SEST/MG avaliou cerca de 130 trabalhadores da região de Corinto. Muitos deles são portadores de silicose, incluindo jovens com formas graves da doença. Há predominância do trabalho informal, realizado precariamente em oficinas improvisadas. “Já foram realizadas duas etapas do estudo dos marcadores inflamatórios com resultados promissores”, afirma Ana Paula Carneiro.
Na perspectiva do Programa Nacional de Eliminação da Silicose – PNES, os trabalhos podem resultar na criação de um programa de intervenção para a prevenção primária da silicose dentro da atividade estudada.
Parceria
A participação de uma pesquisadora francesa no estudo é fruto de um acordo entre o estado de Minas Gerais e a Região de Nord Pas de Calais, da França, que possibilitou a parceria entre a Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e a Universidade de Lille, denominada Projeto ARCUS. As universidades estabeleceram algumas linhas de cooperação técnica, como a de saúde ocupacional, centrada em doenças respiratórias.
O Projeto também possibilitou que os médicos Ana Paula Carneiro, da UFMG e Eduardo Algranti, da Fundacentro, participassem do Programa de Cooperação Técnica em nível de pós-doutorado na Universidade de Lille, em setembro e outubro de 2013.
Na Universidade de Lille, os pesquisadores envolvidos iniciaram a organização do banco de dados sobre trabalhadores expostos à sílica em atividades de lapidação de pedra acompanhados pelo laboratório da UFMG.
“Paralelamente conhecemos os principais aspectos do sistema de saúde ocupacional francês e iniciamos a manipulação de equipamentos de avaliação de óxido nítrico exalado. Participamos como alunos de um curso sobre tomografia de alta resolução do tórax e planejamos a continuação do trabalho de avaliação de lapidadores expostos à sílica com a presença de pesquisadores franceses no Brasil”, conta Algranti.
Esse programa foi inaugurado com uma visita da equipe francesa a Belo Horizonte/MG, Ouro Preto/MG e São Paulo/SP em agosto de 2012, que incluiu a realização de seminários na Faculdade de Medicina da UFMG, onde foram apresentados os projetos de pesquisa da equipe, e na Fundacentro/SP. A parceria agora proporciona a vinda da pesquisadora Nathalie Kornobis, que será seguida pelo posterior estágio do pesquisador Sebastien Hulo.
Fonte: Fundacentro