Trabalhadores com afecções musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho foi tema de estudo

Trabalhadores com afecções musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho foi tema de estudo

Data: 30 de dezembro

A última defesa deste ano encerrou com a dissertação de mestrado da aluna Elaine Antonia de Paula, que abordou o tema “Avaliação da qualidade de vida dos pacientes com afecções musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho atendido no Centro de Referência em Saúde do Trabalho do município de Guarulhos”, no Centro Técnico Nacional, em São Paulo.

As lesões musculoesqueléticas podem afetar diversas partes do corpo, como por exemplo, punho, mão, ombro, pescoço, cotovelo, joelho e a coluna vertebral. As enfermidades apontadas pela aluna ocorrem na atividade profissional e levam o paciente a sentir dor crônica durante a execução das tarefas – prejudicando o seu desempenho – causado por esforços repetitivos.

Elaine de Paula que trabalha como fisioterapeuta há oito anos, no Cerest/Guarulhos, comenta que atende pacientes com afecções musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho, especialmente, nos Grupos de Qualidade de Vida para os trabalhadores adoecidos, com abordagem multidisciplinar. “O tema foi de grande relevância no sentido de enriquecer o escopo das pesquisas já existentes sobre as repercussões das AMERT na QV dos trabalhadores. Além disso, estimula para reflexão a respeito da importância de uma avaliação abrangente que valorize a percepção do próprio trabalhador adoecido sobre sua condição atual”, salienta a fisioterapeuta.

O estudo da aluna também explorou o impacto desses agravos, sobretudo não somente na saúde física, mas em outros aspectos, como os psicossociais e os ambientais que podem levar à incapacidade para o trabalho. Proporcionando a partir desta análise uma nova contribuição mediante a avaliação da “Qualidade de Vida” dos pacientes com AMERT atendidos no Cerest de Guarulhos e fatores que possam interferir.

“Espera-se que a adoção da medida de qualidade de vida como parte da avaliação dos pacientes com AMERT possa auxiliar os profissionais envolvidos na reabilitação dos trabalhadores adoecidos a direcionar seus esforços na adoção de estratégias que priorizem as dimensões mais afetadas pela doença, contribuindo para a implementação de políticas públicas e ações voltadas para o tratamento e a prevenção desse grupo de agravos”, enfatiza Elaine.

Os danos de estruturas do sistema musculoesqueléticos abrangem várias categorias profissionais e as denominações adotadas pelos ministérios da Saúde e da Previdência Social são Lesões por Esforços Repetitivos (Ler) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort). De acordo com dados estatísticos da Previdência Social de 2010, as Ler/Dort estão entre as maiores doenças responsáveis por afastamentos do trabalho, a Classificação Internacional de Doenças (CID) aponta o grupo de maior incidência sendo das sinóvias (líquido que lubrifica as superfícies internas das juntas) e dos tendões, no qual registra 30.147 casos, já as outras são acometidas por dorsopatias (dor nas costas) que perfazem 158.419 casos.

A fisioterapeuta relatou que a princípio havia escolhido o tema voltado para “Ergonomia no Setor da Construção Civil”, no entanto, não foi fácil conseguir acesso aos canteiros de obras para observar os ambientes de trabalho e convidar os pedreiros para participar de sua pesquisa por meio de entrevistas. Porém, o segundo tema também não foi tão fácil, pois houve uma demora na aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética.

“Acredito que essa demora seja um grande problema enfrentado por muitos pesquisadores brasileiros e que precisa ser discutido e melhor analisado pelos responsáveis, pois desestimula os pesquisadores”, observa Elaine.

Outra dificuldade encontrada pela mestranda foi conseguir um número razoável de pacientes que aceitassem e se dispusessem a participar da pesquisa. “Acho que deveríamos ter a possibilidade de fornecer aos voluntários para a pesquisa um incentivo a mais, como o auxílio-transporte, por exemplo, especialmente, no meu caso, grande parte dos pacientes estavam desempregados ou afastados do trabalho. Apresentavam grandes problemas financeiros, o que, de certa forma, não contribuiu para que comparecessem ao Cerest apenas para a participação na pesquisa, salienta a fisioterapeuta.

A orientação foi realizada pelo toxicologista da Fundacentro/SP, José Tarcísio Penteado Buschinelli. “A escolha do tema foi da mestranda e, naturalmente que eu interferi bastante durante o andamento da pesquisa. Ressalto que a médica da Fundacentro/SP, Maria Maeno, contribuiu como co-orientadora não oficial da dissertação da Elaine”, relata Buschinelli.

A banca foi composta pelo professor e doutor, Roberto Fernandes da Costa. Costa trabalha como consultor técnico da American Medical do Brasil, é professor convidado da Universidade Gama Filho e diretor científico do Centro de Estudos e Pesquisas Sanny, e pelo químico e coordenador da Pós-Graduação da Fundacentro/SP, Carlos Sérgio da Silva.

Fonte: Fundacentro

Por |2014-01-02T00:00:00-02:002 de janeiro de 2014|Notícias|