Seminário de Pesquisa apresenta ação preventiva em fábricas de fogos de artifício

Seminário de Pesquisa apresenta ação preventiva em fábricas de fogos de artifício

Data: 7 de novembro

O pesquisador da Fundacentro, Gilmar Trivelato, apresentou o tema “Prevenção de explosões na fabricação de fogos de artifício: relato de uma experiência bem sucedida” no penúltimo Seminário de Pesquisa deste ano, no dia 4 de novembro, em São Paulo. O evento é uma realização do Programa de Pós-Graduação “Trabalho, Saúde e Ambiente” da instituição.

A região de Santo Antônio do Monte, em Minas Gerais, foi o cenário da experiência apresentada. A cidade e cinco municípios vizinhos formam um polo de produção de fogos, que emprega de cinco a seis mil trabalhadores diretos e produz 8 mil toneladas de fogos anualmente. De 1996 a 2000, o local teve 42 acidentes com 64 vítimas, sendo 31 fatais.

A partir dessa situação, a auditora-fiscal Junia Barreto, da SRTE/MG (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego), inicia um projeto no local e solicita apoio técnico da Fundacentro. Também se junta ao grupo o Ministério Público do Trabalho. Outros atores sociais são envolvidos: o Exército, o Sindiemg ( Sindicato das Indústrias de Explosivos do Estado de Minas Gerais), a Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), a Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente), os trabalhadores e a comunidade como um todo.

“As mortes eram vistas como naturais, inerentes à produção de fogos de artifício. O foco foi a prevenção de explosões. A qualidade em termo de segurança alcançada favoreceu a exportação”, avalia Trivelato.

O estudo utilizou metodologias como pesquisa-ação, enfoque qualitativo e abordagem histórico-crítica. Assim foram realizadas observações dos ambientes de trabalho, elaborados diários e registros de campo. “Fizemos uma análise sistêmica com a caracterização do arranjo produtivo”, explica o pesquisador da Fundacentro.

Produção

A história da produção pode ser dividida em três fases. De 1970 a 1990, quando produz fogos de barulho. Há manuseio de pólvora e autorização do exército com controle de comercialização e armazenamento. Em 1979, ocorre um acidente com 24 vítimas e 13 mortes. As fábricas passam a ser organizadas em pequenas casas distanciadas para evitar acidentes com mortes múltiplas. Os veículos motorizados são substituídos.

A segunda fase ocorre de 1990 a 2000, quando se inicia o processo produtivo de fogos coloridos. Como desconheciam os novos riscos que as misturas de sais metálicos para gerar a cor traziam, há um boom de acidentes. “Os sais podem causar reações químicas que liberam calor e causam explosões”, afirma Trivelato.

A terceira fase se inicia em 2000 e vem até atualidade. é marcada pela intervenção que trouxe mudanças. O trabalho feito é multidisciplinar. Logo em 2001 é proposto um Termo de Ajuste de Conduta – TAC, que não é aceito pelas empresas. Inicia-se um trabalho de sensibilização ao mesmo tempo em que se avança no estudo do processo produtivo, dos riscos e medidas preventivas.

Ações

Os envolvidos no projeto realizam atividades de capacitação técnica tanto com profissionais da área de Segurança e Saúde no Trabalho – SST como com os técnicos de pirotecnia encarregados pela produção. “Eles trouxeram as experiências deles na produção e nós o conhecimento técnico”, resume Gilmar Trivelato.

A equipe elabora orientações técnicas para as empresas. São realizados seminários de sensibilização aos empregadores, que acabam assinando um TAC. Já para a comunidade, realiza-se um evento chamado parque da segurança, com atividades culturais e recreativas para sensibilizar a população.

O TAC é reformulado a partir da experiência externa adquirida pelos pesquisadores, que fazem um estágio em um laboratório de explosivos em Ottawa, no Canadá, em outubro de 2001. Isso resulta na construção do Centro Tecnológico Oscar José do Nascimento, especializado em pirotecnia, para testes de matéria-prima e produtos finais em maio de 2006.

De 2006 a 2007, o pesquisador da Fundacentro participou da elaboração de normas legais relativas à indústria de fogos de artifício. O Exército Brasileiro regulamentou a classificação e avaliação técnica dos fogos de artifícios e dispositivos pirotécnicos, que também deve ser aplicado aos fogos importados, inclusive com a proibição de algumas substâncias. Já o Anexo 1 da NR 19, aprovado em março de 2007 pela Secretaria de Inspeção do Trabalho – SIT, regulamentou os aspectos de segurança e saúde na indústria e comércio de fogos de artifícios e pirotécnicos.

Nos anos de 2007 e 2008, não ocorrem nenhum acidente. Em 2009, acontece um em uma pequena fábrica. Localmente, combate-se a existência de empresas clandestinas. “Realizamos um trabalho de conscientização dos empreendedores e da comunidade com a cooperação de todos os atores sociais. Houve a construção de capacidade e competência local para a gestão de riscos, especialmente a prevenção de explosão”, conclui Gilmar Trivelato. O pesquisador faz questão de ressaltar que esse foi um trabalho de muitos, em que todos os atores sociais foram importantes.

último seminário

Os Seminários de Pesquisa são abertos ao público. O último encontro deste ano acontece no dia 11 de novembro, das 10h às 12h, nas salas de aula 6 e 7 da Fundacentro, em São Paulo.

Na ocasião, a tecnologista da Fundacentro, Tereza Luiza Ferreira dos Santos, apresentará o projeto de pesquisa desenvolvido com os coletores de lixo. Tereza é psicóloga e mestre em psicologia social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP.

As inscrições são feitas somente pelo site da Fundacentro, no item Próximos Eventos. O evento será transmitido via webcast. Para acessar, clique no link e entre com a senha: 121960

Fonte: Fundacentro

Por |2013-11-11T08:51:29-02:0011 de novembro de 2013|Notícias|