Estudo sobre produção de carvão vegetal na Bahia é abordado em seminário

Estudo sobre produção de carvão vegetal na Bahia é abordado em seminário

Data: 6 de setembro

O pesquisador da Fundacentro da Bahia, Albertinho Barreto Carvalho realiza palestra sobre “Projeto Carcinogênico: estudo sobre a exposição a agentes químicos cancerígenos e irritantes na produção de carvão vegetal na Bahia”.

A apresentação do pesquisador realizada no dia 2 de setembro, na Fundacentro em São Paulo faz parte do Programa de Pós-Graduação da instituição e tem como objetivo capacitar e atualizar profissionais de nível superior, propiciando uma consistente formação científica com foco em segurança e saúde do trabalhador.

Desde 2001, o pesquisador Albertinho e as pesquisadoras Mina Kato, hoje servidora aposentada, Anaide Vilasboas de Andrade e Ana Soraya Vilasboas Bomfim também participaram do projeto.

Os participantes externos que contribuíram com o estudo foram Maryângela Rezende, farmacêutica bioquímica da Fundação para o Desenvolvimento da Unesp (Fundunesp); os doutores do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (IQ/UFBA), Jaílson B. de Andrade e Pedro Afonso de P. Pereira e a doutora Gisela Aragão Umbuzeiro da Cetesb/SP.

Atualmente o estudo está sendo desenvolvido pelo pesquisador. De 2001 para 2013 o projeto já passou por várias modificações e está em fase final de tabulação de dados e elaboração de um manual sobre o trabalho em carvoarias não mecanizadas.

Durante a palestra o pesquisador informou que o Brasil é o maior produtor de carvão vegetal, sendo 82% da produção pertencente à América Latina e 30% destina-se à produção mundial.

No Brasil, os maiores produtores por estado são Minas Gerais, Bahia, Pará, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Goiás, sendo que Minas Gerais e Bahia são os que mais consomem o produto.

O local do estudo foi realizado em carvoarias localizadas no litoral norte e recôncavo de Salvador e envolveu oito carvoarias. O objetivo foi de avaliar a contaminação dos ambientes de trabalho de algumas carvoarias por substâncias carcinogênico-mutagênicas e irritantes, bem como os efeitos sobre a saúde dos trabalhadores.

Albertinho Carvalho observou em sua pesquisa de campo que os trabalhadores desenvolviam várias atividades: do carregamento de toras de madeira ao manuseio do carvão dentro e fora dos fornos. “Esses trabalhadores estão expostos a fumaça e ao material particulado, que é a poeira de carvão e, principalmente, ao produto químico”, relatou o pesquisador.

Para obter o produto sólido que é o carvão vegetal necessita-se carbonizar a madeira, o processo leva de cinco a nove dias e esse tempo de carbonização depende das técnicas utilizadas para sua obtenção e o uso para o qual se destina. Vale ressaltar que os fornos semicirculares têm em média de 4m e 5m de diâmetro.

A conclusão do estudo revelou que os trabalhadores não utilizavam equipamentos de proteção individual e os resultados das amostras pessoais e estacionárias apontaram que os trabalhadores de carvoarias se expõem a concentrações de formaldeído acima dos limites sugeridos pela National Institute of Occupational Safety & Health (NIOSH), sendo essa substância cancerígena.

O que mudou durante o estudo do pesquisador foi de que o processo de trabalho nas carvoarias não são mais terceirizadas, o trabalhador não dorme no local, tem banheiro e refeitório e a empresa fornece alimentação, executam o trabalho com equipamento de EPI e processo de mecanização dos fornos.

Albertinho disse que algumas coisas precisam ao longo do tempo de ajustes e acompanhamento, como o uso da bota de segurança, o uso da máscara e a troca constante do filtro. Outro ponto importante do qual foi relatado pelo pesquisador corresponde aos acidentes por quedas e perfurações dos quais não são notificados.

As instituições parceiras do projeto são: SRTE-BA, gerência de Camaçari/BA, Instituto de Química da UFBA, CESAT/SESAB, CETESB/SP, Faculdade de Medicina da USP/SP, Universidade da Carolina do Norte/EUA e Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA.

Também durante o desenvolvimento do trabalho algumas publicações foram produzidas e estão disponíveis na biblioteca da Fundacentro: Charcoal Workers in Bahia, Brazil: Occupational hazards and urinary biomarkers of exposure to wood smoke, tese de doutorado da pesquisadora Mina Kato e Compostos carbonílicos no ar em ambientes de trabalho de carvoarias na Bahia, tese de doutorado do Albertinho Carvalho.

No dia 9 de setembro, o estatístico da Fundacentro de São Paulo, Marco Bussacos, falará sobre “Os cuidados que se deve ter ao trabalhar com os números”. As inscrições são feitas somente pelo site da Fundacentro, clicando no link – eventos/calendário. O evento será transmitido via webcast. Para acessar, clique no link e entre com a senha: 121960

Fonte: Fundacentro

Por |2013-09-06T16:59:45-03:006 de setembro de 2013|Notícias|