Data: 9 de outubro
São Paulo/SP- A Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Fundação Telefônica Vivo e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) apresentam a campanha colaborativa “é da nossa conta! Trabalho Infantil e Adolescente”. O objetivo é dar visibilidade ao tema, para que a sociedade civil possa reconhecer situações de trabalho infantil e adolescente e saber como enfrentar o problema, que ainda atinge mais de 3,6 milhões de crianças e adolescentes no país.
A campanha pretende sensibilizar e potencializar a ação junto a diversos públicos, incluindo crianças, adolescentes, jovens e especialistas no assunto. A estratégia é propor aos cidadãos que se tornem agentes multiplicadores, produzindo e compartilhando informações nas redes sociais. “O mote `é da nossa conta!` chama atenção para o aspecto da corresponsabilização da sociedade civil e do Estado na garantia dos direitos da infância e adolescência, destacando um problema que se tornou opaco e culturalmente aceito, mas que de fato atinge milhares de crianças”, explica Françoise Trapenard, presidente da Fundação Telefônica Vivo.
A embaixadora do UNICEF Daniela Mercury e o fundador e coordenador geral da ONG Doutores da Alegria, Wellington Nogueira, se engajaram na campanha e gravaram vídeos que serão veiculados nas mídias sociais, enquanto a Maurício de Sousa Produções fez uma edição especial do gibi da Turma da Mônica sobre a temática.
Estruturada a partir da Rede Promenino (portal de notícias e rede social da Fundação Telefônica que discute o tema do trabalho infantil e adolescente), por meio de seus perfis nas redes sociais, plataforma e novo site, a campanha tem a internet como principal meio, mas prevê ainda intervenções de rua em sete cidades até o final do ano.
Os eventos estão concentrados em outubro devido ao Dia das Crianças nas seguintes capitais: São Paulo (SP) – 11/10; Salvador (BA) – 18 a 21/11; Teresina (PI) – 04 a 07/11; Belém (PA) – 21 a 24/10; Curitiba (PR) – 28 a 31/10; Brasília (DF) – 14 a 17/10 e Fortaleza (CE) – 28 a 31/10. Durante essas intervenções, haverá conversa com os transeuntes, além de distribuição de gibis da Turma da Mônica; 3.500 adesivos, 50 mil encartes para adolescentes; e 50 mil cartilhas, além de fitinhas do Nosso Senhor do Bonfim. A campanha também terá outras peças, como banner humano, cartaz pirulito e camisetas.
Aposta na viralização
A organização não governamental Viração Educomunicação – que trabalha desde 2003 com o público adolescente e jovem e tem experiência em campanhas de mobilização social – fará a coordenação executiva da campanha. A ONG vai auxiliar a Fundação Telefônica Vivo a realizar a articulação de parceiros que produzirão conteúdo – como vídeos e notícias – para ser compartilhado via redes sociais.
Assim, as ONGs Cidade Escola Aprendiz e a Repórter Brasil, referência no combate ao trabalho escravo, participarão ativamente da campanha. O CEATS – Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor -, gestor da Rede Promenino, também será parceiro de conteúdo.
“Estamos apostando em criatividade e em meios mais interativos, que permitam que a sociedade participe, opine e ajude a construir a campanha”, afirma Gabriella Bighetti, diretora de Ação Social da Fundação Telefônica Vivo. A rede Promenino (www.promenino.org.br) terá, portanto, um hotsite com informações, vídeos-pílulas com celebridades e conteúdos regionalizados sobre as iniciativas programadas. Será criado, ainda, um canal exclusivo para adolescentes.
Protagonismo Juvenil
Trinta adolescentes paulistanos receberão formação sobre trabalho infantil e adolescente. Deste total, 15 serão acompanhados pela equipe de educomunicadores da Viração na produção de um encarte para outros adolescentes que serão distribuídos nas cidades onde haverá os lançamentos. Eles também produzirão conteúdo para a Agência Jovem de Notícias (www.agenciajovem.org).
Aos filhos dos colaboradores da Telefônica|Vivo na cidade de São Paulo serão oferecidas oficinas focadas na afirmação dos direitos da criança e do adolescente. As crianças poderão confeccionar jornal mural, grafite e estêncil, além de produzir vídeos de bolso sobre o tema.
“Enquanto o país tiver crianças trabalhando para sobreviver ou adolescentes se submetendo a trabalhos que comprometem seu pleno desenvolvimento como cidadãos, todo esforço por transformar esta indignação em ações concretas de proteção integral deve obter a solidariedade da comunidade nacional e internacional”, diz Renato Mendes, coordenador nacional do Projeto Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil (IPEC, pela sigla em inglês) da OIT.
Dados sobre situações de trabalho infantil e adolescente
* No Brasil, trabalho infantil e adolescente é qualquer trabalho exercido por criança e adolescente com menos de 16 anos, exceto na condição de aprendiz, e é proibido por lei.
* O envolvimento de criança e adolescente em atividades ilegais, com a exploração sexual e o tráfico de drogas é considerado como a pior forma de trabalho infantil.
* A presença de atores mirins nas novelas, comerciais e filmes também é uma forma de trabalho infantil.
* Segundo dados da PNAD / IBGE 2009, 3,6 milhões de crianças e adolescentes ainda trabalham no Brasil.
* A situação é mais grave nas regiões Norte e Nordeste, que concentram dois milhões de crianças e adolescentes trabalhadores.
* O trabalho é permitido para adolescentes de 16 a 18 anos, mas há restrições legais quanto às atividades que podem ser realizadas. Por exemplo, o trabalho não pode ser executado em horário noturno ou em períodos que comprometam a frequência escolar, não pode ser perigoso, insalubre ou penoso e nem pode ser exercido em locais prejudiciais ao desenvolvimento físico, psíquico, moral e social.
* Muita gente não sabe, mas o trabalho como empregado doméstico é proibido até 18 anos.
Fonte: Revista Proteção