Pesquisa mostra que níveis de ruídos no Rio estão acima do tolerado

Pesquisa mostra que níveis de ruídos no Rio estão acima do tolerado

Data: 25/06/2012

Rio – Pesquisa feita pela Clínica Delphi de Medicina e Segurança no Trabalho revela que a poluição sonora no Rio chegou a níveis intoleráveis, não só no trânsito, mas também em bares, restaurantes, túneis, praças, escolas e até cinemas. O estudo mostra que de 20 ambientes pesquisados, apenas quatro estavam abaixo de 80 decibéis (dB), limite estabelecido pelo Ministério do Trabalho. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 65 dB como o tolerável ao ouvido humano. Calcula-se que 10% da população do País tenham distúrbios auditivos.

“Os outros 16 (ambientes) ultrapassaram, e muito, a faixa de segurança de ruído máximo. A população está exposta a graves distúrbios que podem desencadear doenças, inclusive, surdez definitiva”, alerta o engenheiro David Gurevitz, diretor da Delphi, que há 20 anos faz esse tipo de estudo.

Além do trânsito, a pesquisa apontou barulhos excessivos em cinemas (97 dB), ao usar MP3 (97 dB), restaurantes (95 dB), cozinhas residenciais (94 dB), pátios de escolas (94 dB) e salões de beleza (92 dB).

A convite de O DIA, Gurevitz foi em diversas regiões munido de um decibelímetro (aparelho que mede os ruídos). E os resultados se confirmaram. No cruzamento das avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, no Centro, por exemplo, as mais movimentadas a cidade, o aparelho acusou 97,9 decibéis, mesmo com movimento reduzido por conta do ponto facultativo da Rio+20, entre quarta e sexta-feira.

“Passo até 8 horas nesse tormento”, desabafou o motorista do ônibus Alexander Santos, 34. A medição ao lado dele, próximo ao painel, atingiu 97,9 dB. “O ronco do motor, apito de guardas de trânsito, sirenes e buzinas podem fazer com que este profissional fique surdo em até dez anos”, avisou o engenheiro.

Hospital convive com incômodo

Avaliações em outros pontos apresentaram sérios problemas. No Mergulhão da Praça XV, o nível chegou a 99,7 decibéis. Em frente ao Hospital Miguel Couto, na Gávea, 89,3 dB. Ao lado da unidade, serralheiros trabalhavam sem equipamentos auditivos com barulho a 99,3 dB, perto de setores de cirurgia-geral e enfermaria. Na Avenida Brasil, em frente à Fiocruz, as medições eram de 90 a 100 dB.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, por meio 1746, recebe por dia, em média, 10 queixas de som alto, que vão desde barulho de vizinhos andando no andar cima, até os mais escandalosos na hora do sexo. Mas os fiscais só podem autuar estabelecimentos comerciais, sinaleiras e templos religiosos. A Lei 3.268 impõe limite de 55 dB para o dia. à noite cai a 50 dB. As multas chegam a R$ 2,6 mil.

Isolamento custa a partir de R$ 2,2 mil

Para minimizar a poluição sonora, a saída é recorrer às janelas e portas acústicas, que reduzem o barulho externo em pelo menos 30 decibéis. O investimento, porém, é de tirar o sono. Uma janela de 1,50m por 1,50m, custa entre R$ 2,2 mil a R$ 3,4 mil, dependendo da espessura dos vidros.

O vice-diretor do Instituto Oswaldo Cruz, Christian Niel, 60, não pensou duas vezes em “comprar a paz”. “Gastei mais de R$ 9 mil em três cômodos, mas valeu a pena”, diz ele, que mora com a família em Ipanema, num prédio cercado por bares e restaurantes.

Fones de ouvido representam grave ameaça aos ouvidos. O estudante Leonardo Maia, 22, ficou surpreso com a medição feita em seu aparelho, que chegou a 89,9 dB.

Fonte: O Dia (Francisco Edson Alves)

Por |2012-06-28T10:12:09-03:0028 de junho de 2012|Notícias|