Data: 16 de junho
A questão da segurança no trabalho costumava ser negligenciada pelos patrões, mas os números atuais demonstram que – pelo menos na estatística – as empresas de Volta Redonda estão se conscientizando em relação ao tema.
Segundo dados do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), foram registrados 489 acidentes de trabalho na cidade em 2010. Já em 2011 o número de ocorrências chegou a 403, representando uma queda de 17,6% em relação ao ano anterior.
Tendo como base os cinco primeiros meses dos últimos três anos, foram registrados 215 acidentes em 2010; no ano seguinte houve uma queda de 10,7%, chegando a 192 ocorrências. Em 2012 houve uma queda de 7,5 pontos percentuais em relação a 2011, atingindo o número de 176 casos registrados.
De acordo com o presidente do Sindicato da Construção Civil, Dejair Martins de Oliveira, os baixos índices condizem com a realidade – pois, segundo ele, as empresas estão se preocupando cada vez mais com a segurança do funcionário, além de contratarem mais empregados para trabalhar na área.
– Os empregadores estão tomando consciência em relação ao tema segurança no trabalho, investindo em acessórios de segurança para evitar problemas futuros. Além disso, eles estão contratando mais funcionários para trabalharem nas construções, reduzindo, assim, a carga horária dos empregados, o que acaba evitando acidentes relacionados a descuidos, sonolência e falta de atenção – disse.
Dejair afirma que a tendência é de que os números continuem a cair, mas relata a falta de comprometimento de algumas empresas em relação aos relatórios enviados aos órgãos responsáveis pela fiscalização nas empresas.
– O que aparenta ser um recomeço ainda não nos satisfaz, até porque muitas empresas ainda omitem muitos acidentes de baixa expressão, como são os casos de alguns cortes e escoriações. Nós esperamos que essa queda do índice de acidentes continue, mas para isso precisamos que o trabalhador relate até as situações de risco – relatou.
Mudança de paradigma
Para diretor de comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Bartolomeu Citelli, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) está investindo na política de segurança de trabalho, o que pode ter ajudado na redução do índice de acidentes na cidade.
– Hoje, a empresa deixa de dar prioridade à máxima “produção a qualquer custo”, que visava produzir o máximo possível e deixava de lado a segurança de seus empregados, e adota medidas mais cautelosas em relação ao assunto. Como existem ainda muitos casos de omissão por parte das empresas, tanto no setor de construção civil quanto no setor de metalurgia, nós dependemos das reclamações dos funcionários para que possamos entrar em contato com o departamento da área e, se for o caso, notificarmos para que isso não torne a acontecer – disse.
Citelli ainda relata algumas situações que foram presenciados por funcionários do Sindicato dos Metalúrgicos.
– Um dia, estávamos em frente à CSN e um funcionário estava chegando para trabalhar com o braço engessado. Perguntei para ele o motivo, e respondeu que precisava trabalhar porque o seu chefe tinha dito que ele tinha condições de comparecer ao serviço. O funcionário acidentado não pode e nem deve trabalhar nesse estado, tendo por obrigação ficar afastado pelo período determinado pelo médico e a empresa – pontuou.
De acordo com Carlos Eduardo Ferreira, auditor fiscal do Trabalho, após o acidente que resultou na morte de um funcionário (que foi atropelado por uma empilhadeira em novembro de 2011), o Ministério do Trabalho relatou que o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) da empresa estava irregular.
– O SESMT, que é composto por médicos do trabalho, engenheiros e técnicos de segurança e técnicos em enfermagem do trabalho, tem que ser gerenciado por um profissional especializado da área. Na CSN, o responsável pela área era um economista, ou seja, o órgão responsável pela segurança não tinha uma chefia técnica e foi assim por muito tempo, sem que a gente soubesse. A CSN foi autuada, pois o responsável pelo SESMT não era técnico e nem legalmente habilitado para atuar na chefia da área, e isso pode explicar muitos acidentes ocorridos – disse.
Responsabilidade
Segundo o Ministério da Previdência Social, quando um funcionário se acidenta e tem a necessidade de ficar afastado por até 15 dias o seu salário continua sendo pago pela empresa. No entanto, se esse afastamento ultrapassar os 15 dias, o funcionário deve entrar em contato com a Previdência Social e fazer o requerimento do Auxílio-Doença, onde ficará a cargo do INSS pagar uma quantia referente a 91% do valor total de seus vencimentos.
Fonte: Diário do Vale