Amianto criou nuvem venenosa de poeira que continua fazendo vítimas do 11/09

Amianto criou nuvem venenosa de poeira que continua fazendo vítimas do 11/09

Data: 23/05/2012

A imensa nuvem que se formou nos céus de Nova York no dia 11 de setembro de 2011, contendo quantidades incalculáveis de partículas tóxicas, amianto e outros materiais usados nas construções naquela época, acionou uma bomba-relógio para a saúde de milhares de pessoas. Entre elas, as mais afetadas são os cerca de 20 mil bombeiros, policiais e voluntários que passaram dias e noites vasculhando os escombros em busca de sobreviventes, expondo-se à poeira tóxica.

Glen Klein, hoje com 53 anos, fazia parte das forças de emergência do Departamento de Polícia de Nova York. Passou mais de 800 horas trabalhando no Marco Zero nas semanas que se seguiram à tragédia. Aposentou-se prematuramente aos 44 anos, com problemas de saúde que se seguiram ao 11 de Setembro, inclusive nódulos e cicatrizes em ambos os pulmões.

– O que estamos vendo agora é a ponta do iceberg, porque doenças como asbestose e mesotelioma (câncer da pleura) demoram 15, 20 anos para se manifestar. Fomos expostos a níveis tão altos de contaminação que os primeiros casos já começaram a surgir após nove anos – diz Klein, que se dedica a ajudar colegas a conseguirem tratamento.

Estudos com mais de 20 mil pacientes pelo hospital Mount Sinai, que concentra o atendimento às vítimas do 11 de Setembro, revelou alta de 14% na incidência de câncer entre as pessoas que trabalharam no resgate.

O caso do World Trade Center é simbólico porque os prédios foram construídos entre o fim dos anos 60 e o começo dos 70, quando o amianto ainda era amplamente usado no país. Em 1971, quando a obra já estava em fase final, a prática de espalhar mistura de amianto e cimento, como isolante, foi proibida em Nova York, mas grande parte da torre norte já estava feita.

O consumo de amianto caiu drasticamente nos EUA desde o fim dos anos 70, quando as minas foram desativadas, a última em 2002. Em 1989, a Agência de Proteção Ambiental vetou novos usos do amianto, mas permitiu as praticadas anteriormente. O consumo, que chegou a 803 mil toneladas métricas em 1973, despencou para cerca de 2 mil por ano na década passada.

Fonte: O Globo

Por |2012-05-23T14:45:50-03:0023 de maio de 2012|Notícias|