Trabalhadores e vítimas

Trabalhadores e vítimas

Data: 30/04/2011

No ano passado, o Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) de Sorocaba registrou 3.492 acidentes. Deste montante, que são os dados mais recentes, 258 foram considerados graves, envolvendo fraturas, amputações ou lesões que provocaram a internação ou afastamento do trabalho por mais de 30 dias.

Longe do ambiente de trabalho, o que mais vitima os trabalhadores é o trânsito, aponta a coordenadora do Cerest, Daniela Valentim dos Santos. “O que mais recebemos aqui é sem dúvida alguma acidente de trânsito”, afirma.

Segundo ela, há dois tipos de ocorrência comuns neste caso: há os acidentes típicos, como no caso de alguém que trabalha como motofretista ou está dirigindo o carro da empresa; e aqueles que ocorrem no trajeto, quando se está deslocando para o local de trabalho.

Nesta sexta-feira (29), por uma questão técnica, o Cerest não conseguiu informar o total de acidentes de trânsito com o trabalhador. O órgão também trabalha para diagnosticar e separar os acidentes típicos dos de trajeto.

Em 2009 foram registrados 2.256 acidentes, cerca de 35% a menos do que em 2010. Para a coordenadora, a interpretação destes números não aponta o aumento de ocorrências, mas sim se o sistema de notificação está funcionando realmente de forma adequada.

Os acidentes que acabam sendo registrados pelo Cerest são atendidos pelo SUS (Sistema único de Saúde) e representam a maioria.

De acordo com Daniela, o objetivo é ampliar essa captação também no serviço privado. “O grande objetivo do Cerest é ter estas informações para conseguir um diagnóstico real do impacto que o trabalho tem na saúde da pessoa”, explica.

O órgão recebe notificações de hospitais como o CHS (Conjunto Hospitalar de Sorocaba), além de toda rede públicas, incluindo-se aí as unidades básicas de saúde, PAs (Pronto Atendimento) e UPH (Unidade Pré-Hospitalar).

Nas alturas
O segundo tipo de acidente que mais ocorre com os trabalhadores tem relação com a construção civil, aponta a coordenadora do Cerest. “Acontecem quedas ou prensamento”, aponta.

O número de casos provocou uma ação em 2007 que foi importante para conter o índice, com a promoção do curso de Trabalho em Altura.

O bom resultado ainda se reflete, aponta Daniela, pois algumas empresas que capacitaram seus funcionários no Cerest exigem agora que os trabalhadores terceirizados também passem pelo mesmo treinamento.

Horas extras sem pagamento e danos morais são queixas
Os trabalhadores estão cada vez mais informados sobre seus direitos. Prova disso, aponta o advogado Marcelo Oliveira, presidente da Comissão do Exercício da Advocacia Trabalhista da OAB – Sorocaba, é a postura do funcionário que busca seus direitos. “Antigamente eles não tinham noção do que queriam. Hoje eles chegam no escritório já sabendo o que tem direito”, aponta.

O maior motivo de queixas dos trabalhadores é o trabalho sem remuneração. “Dificilmente ele recebe por todas as horas trabalhadas”, explica. “Em 90% dos casos, não se goza a uma hora de intervalo prevista”, completa.

Em segundo lugar aparecem os danos morais, diz o especialista, mostrando que os funcionários não admitem ofensas no ambiente de trabalho.

Orientações
Em 2010 foram 2.780 capacitações realizadas pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, fruto também de uma importante parceria com o Ministério do Trabalho para a realização de eventos. A proposta é levar informações para evitar danos à saúde.

35% de acidentes a mais
Este foi o percentual registrado em 2010, comparando-se com 2009. Mas o Cerest acredita no aperfeiçoamento das notificações que são enviadas pela rede pública de saúde.

Raio de ação
Além de Sorocaba, o Cerest abrange mais 32 cidades, promovendo capacitação e informação aos trabalhadores. Os acidentes de trabalho são o foco do trabalho desenvolvido em toda a região. O Centro de Referência foi inaugurado em 2002.

Fonte: Agência Bom Dia

Por |2011-05-02T12:45:38-03:002 de maio de 2011|Notícias|