Data: 17/01/2011
Com o objetivo de avaliar a associação entre fatores ocupacionais e a ocorrência de hipertensão arterial em um grupo de motoristas de táxi, Marcelo Carvalho Vieira defendeu a dissertação de mestrado “Hipertensão arterial e características ocupacionais em motoristas de táxi no Município do Rio de Janeiro”, na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Sob a orientação da pesquisadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh) Marisa Moura, o aluno observou que os motoristas são frequentemente submetidos a numerosas exposições ambientais adversas, como calor, vibrações, ruído intenso, gases tóxicos provenientes da exaustão de combustíveis fósseis, além de longas jornadas de trabalho, e associou esses fatores à qualidade da saúde dos trabalhadores.
De acordo com Vieira, o estudo procurou descrever características sócio-demográficas, ocupacionais e analisar a freqüência de fatores de risco para hipertensão arterial nesta população. Foi um estudo epidemiológico do tipo seccional e de caráter exploratório, realizado entre os meses de novembro de 2008 e abril de 2009. Foram entrevistados 496 taxistas que utilizavam os pontos de parada regulamentados pela Prefeitura do Rio de Janeiro. O autor utilizou um questionário com perguntas sobre presença e controle da hipertensão arterial, fatores de risco para seu desenvolvimento, perfil sócio-demográfico e características ocupacionais para obter os dados.
Resultados
Segundo Vieira, entre os entrevistados, 110 (22,2%) apresentaram diagnóstico anterior de hipertensão arterial. “Uma das coisas que observei e que chamou muito minha atenção foi que o grupo estudado apresentou elevadas freqüências de excesso de peso e sedentarismo. Além disso a maioria tem uma carga de trabalho alta”, explicou. Nas pesquisas, o aluno constatou que 44% dos entrevistados afirmaram trabalhar 7 dias por semana e 92% referiram jornadas de trabalho maiores do que 8 horas por dia.
Outros fatores observados foram em relação à propriedade de permissão e o tempo acumulado de trabalho como taxista. “Apenas 286 motoristas se declararam proprietários da licença. Este fator é muito importante para eles, pois os que não são proprietários geralmente pagam diárias, o que pode submetê-los a pressões financeiras, acarretando problemas à saúde. O tempo acumulado de trabalho como taxista apresentou relação estatisticamente significativa com a hipertensão arterial”, enfatizou. O aluno explicou ainda que a chance de apresentar hipertensão arterial entre os que trabalhavam como motorista de táxi por 11 a 20 anos foi o dobro daquela observada entre os que trabalhavam há menos de 10 anos, independentemente da idade. Segundo ele, neste grupo de trabalhadores foi encontrada uma elevada freqüência de fatores de risco para o desenvolvimento de hipertensão arterial.
Para Vieira, a realização do estudo mostrou que faz-se necessária a criação de estratégias para promover a adoção de hábitos de vida mais saudáveis e melhorar as condições de trabalho dos motoristas de táxi. Além de ser imprescindível a realização de novas pesquisas científicas com esses profissionais, a fim de aprofundar as questões relativas ao envolvimento das atividades ocupacionais no processo saúde-doença, visto que não foram identificados estudos nacionais que tivessem abordado a questão da saúde dos taxistas até o momento.
Fonte: Informe Ensp