Data: 01/03/2011
Trabalhadores terceirizados da Petrobras reclamam que a estatal faz vista grossa para suas condições de trabalho. Acordo fechado com o Ministério Público do Trabalho (MPT) determina que qualquer acidente nas instalações da empresa seja relatado. E no caso de a ocorrência envolver um profissional terceirizado, o comunicado deve ser feito ao Sindicato dos Petroleiros.
A determinação, porém, não vem sendo cumprida. Os casos só são descobertos muito tempo após terem acontecido e, por meio de denúncias dos acidentados. Segundo relatos de trabalhadores da plataforma P-38, na Bacia de Campos, um profissional bateu com o joelho e fraturou a rótula no dia 20 de fevereiro, mas só foi levado para atendimento em Macaé três dias depois.
O motivo, de acordo com os trabalhadores, seria uma tentativa de a queda não ser caracterizada como acidente de trabalho. Na plataforma, há um placar para contabilizar as ocorrências e haveria um bônus para as chefias que registrassem menor número de acidentes de trabalho. A Petrobras nega a existência da gratificação.
O próprio trabalhador terceirizado esconde o acidente, quando possível, para não ser demitido. O baiano Hélio dos Santos, de 44 anos, foi demitido e luta na Justiça contra a empresa que o contratou para atuar como terceirizado da Petrobras num tanque de um navio da P-35.
Em novembro de 2007, ele passou mal devido à falta de ventilação no tanque, caiu e ficou desacordado. Apesar disso, Hélio ainda ficou quatro dias embarcado e o acidente só foi comunicado porque o trabalhador procurou o sindicato.
O baiano ficou com seqüelas, fortes dores no braço direito e perdeu o movimento pleno de um dedo e não quis mais embarcar. Por conta disso, foi ameaçado de demissão por justa causa, entrou na Justiça e nunca mais conseguiu emprego em outras terceirizadas; apenas na empresa de um conhecido, e por um período determinado.
*Com informações do jornal O Globo.