Ao menos 64 jornalistas foram assassinados no Brasil desde 1995 em função do profissão, afirma um relatório do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) com o apoio do ministério da Justiça e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O estudo foi publicado no último dia 30 e faz menção ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado amanhã.
De acordo com o CNMP, uma compilação desse tipo é inédita.
“O Brasil é um dos países mais violentos no que diz respeito ao ambiente de atuação dos comunicadores”, diz o texto do relatório.
Segundo o relatório, 19 das 27 unidades federativas da União tiveram assassinatos de jornalistas nos últimos 20 anos. O ranking é liderado por Rio de Janeiro (13 assassinatos) e Bahia (7).
Também chama a atenção o baixo percentual de crimes resolvido. Das 64 mortes avaliadas:
- 32 foram consideradas “solucionadas” pelo MP o que, segundo o próprio órgão, não significa que a investigação tenha encontrado culpado.
- 16 continuam em investigação
- 7 foram encerrados sem resolução
- 7 estão sem informação
- 2 casos foram considerados “parcialmente solucionados”.
Brasil é um dos países com mais mortes
Levantamento internacional divulgado pela Press Emblem Campaign (PEC), organização suíça, diz que o Brasil terminou o último ano como como o oitavo maior número de assassinatos de jornalistas no mundo. Foram quatro profissionais mortos, o que nos coloca atrás apenas de:
- Afeganistão e Médico: 17 mortes cada
- Síria: 11 mortes
- Iêmen e Índia: 8 mortos cada
- EUA: 6 mortes
- Paquistão: 5 mortes
- Brasil: 4 mortes
No mundo, foram registrados 113 assassinatos de jornalistas em 2018, um aumento de 14% em comparação a 2017.
Em um vídeo publicado hoje no canal oficial da Organização das Nações Unidas (ONU), o secretário-geral da instituição, António Guterres, declarou que “uma imprensa livre é essencial para a paz, a justiça, o desenvolvimento sustentável e os direitos humanos.”
“Nenhuma democracia está completa sem acesso a informação transparente e confiável. Trata-se da pedra angular para a construção de instituições justas e imparciais, responsabilizando líderes e falando a verdade a quem detém o poder. E isso diz especialmente sobre os períodos eleitorais, o foco do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa desse ano”, disse Guterres.
(Fonte: Agência Estado)