Data: 21 de agosto
Cerca de 70 mil crianças trabalham no Espírito Santo, segundo o último levantamento, de 2014, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2013, eram cerca de 56 mil. No Brasil, são 3,3 milhões crianças, sendo 2,7 milhões entre 7 e 14 anos.
A naturalização do trabalho, de acordo com a oficial de projetos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Márcia Soares, é um dos principais fatores para o dado elevado.
O trabalho infantil, que até na década de 1990 era maior no meio rural, hoje está mais presente na zona urbana, segundo a pesquisa.
Márcia Soares, que faz parte de uma agência da Organização das Nações Unidades (ONU), ressalta que a sociedade tem uma imagem de que é melhor uma criança trabalhando do que na rua. Porém, na avaliação dela, isso é um mito que precisa ser combatido.
“O trabalho não evita a violência, nem a deliquência. 90% dos presos do Carandiru, em São Paulo, trabalharam durante a infância. O trabalho, na verdade, reproduz a pobreza. A criança que trabalha geralmente tem um baixo rendimento escolar, que vai prejudicar a situação profissional dela por toda vida, já que ela terá menos qualificação”, explica.
A legislação brasileira define que a idade mínima para o trabalho é de 16 anos, exceto a condição de menor aprendiz, que permite que adolescentes desempenhem alguma função de trabalho a partir de 14 anos.
A lei também prevê que atividades perigosas, insalubres ou noturnas são ilegais para os jovens de 16 a 18 anos, segundo Márcia Soares. O trabalho em uma carvoaria ou aquele que requer o manuseio de agrotóxicos no campo são proibidas por lei.
Danos
O trabalho infantil gera diferentes danos para a vida de uma criança. De acordo com Márcia Soares, aquela que trabalha no campo corre risco de ter um problema na coluna, já que ela está em fase de crescimento.
Além disso, os instrumentos de trabalho como faca, machado e enxada são desenhados para o uso de um adulto e não para uma criança.
Os acessórios de segurança também não são pensados para serem usados pelos pequenos. Para a especialista, uma criança nessas condições corre sérios riscos de sofrer um acidente de trabalho. Outro problema evidenciado por Soares é o aspecto psicológico. Segundo ela, uma criança que não brinca terá deficiência afetivas no futuro.
(Fonte: G1)