Data: 12 de novembro
O último réu da Chacina de Unaí foi condenado, nesta quarta-feira (11), pela Justiça Federal em Belo Horizonte. Apontado como intermediário, o empresário Hugo Alves Pimenta fez acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Por causa da colaboração, a pena de 96 anos, dada pelo juiz Murilo Fernandes de Almeida, foi reduzida para 47 anos, três meses e 27 dias de prisão.
O empresário foi a júri popular sob a acusação de ser intermediário na morte dos auditores fiscais do Ministério do Trabalho Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves, e do motorista Aílton Pereira de Oliveira. Os servidores foram assassinados, em janeiro de 2004, quando participavam de apuração de denúncias de trabalho escravo na região.
No julgamento, que durou dois dias, a acusação apresentou provas da participação de Pimenta na chacina, como o depoimento de testemunhas e os interrogatórios de outros acusados que o incriminaram. Os telefonemas logo após o crime também constavam como uma das principais provas contra o réu, segundo o MPF. Os registros telefônicos mostram a seguinte sequência: às 9:17, um dos pistoleiros ligou pro empresário José Alberto de Castro; às 9:18, o empresário telefonou pra Hugo Pimenta, que, em seguida, fez duas ligações pra Norberto Mânica, às 9:20 e às 9:26.
Para o MPF, a colaboração do empresário no acordo de delação premiada foi fundamental para a condenação dos mandantes da chacina. Mas os procuradores dizem que ele mentiu ao negar a participação no crime.
O advogado Lúcio Adolfo, que defende o empresário, disse que vai recorrer da setença. Ele alega que o juiz não considerou o acordo fechado com o MPF ao fazer a redução da pena por causa da delação premiada.
Pimenta foi o sétimo condenado por participação na chacina. Na semana passada, o ex-prefeito de Unaí Antério Mânica, acusado de ser um dos mandantes, recebeu a pena de cem anos de prisão. Considerando o tempo que o fazendeiro já tinha ficado preso, o período de reclusão foi para 99 anos, 11 meses e quatro dias.
Já Norberto Mânica, irmão do ex-prefeito e também condenado pelo mando do crime, foi sentenciado, no dia 30 de outubro, a cem anos de prisão. A pena caiu para de 98 anos e seis meses porque o réu já havia sido detido anteriormente. Na mesma data, o empresário José Alberto de Castro foi considerado responsável por intermediar o contato entre os mandantes e os executores e pegou cerca de 96 anos de reclusão.
Os homens que foram responsabilizados pela execução foram a júri popular em 2013. Somadas, as penas ultrapassam 220 anos.
O processo tinha nove réus, mas Francisco Elder Pinheiro, acusado de ter contratado os matadores, morreu há dois anos e Humberto Ribeiro dos Santos, segundo a defesa, teve a pena prescrita.
(Fonte: G1)