Seminário Trabalho Seguro encerra com público expressivo

Seminário Trabalho Seguro encerra com público expressivo

Data: 24 de outubro

Durante a manhã desta sexta-feira (23), último dia do Seminário Internacional Trabalho Seguro, promovido em parceria pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), Tribunal Superior do Trabalho (TST) e Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat), foram abordados temas relacionados à qualidade de vida, saúde e segurança no trabalho e as principais doenças que afetam os trabalhadores nos dias atuais. O evento contou com público expressivo de mais de cerca de 1,6 mil participantes.

Conferência

A ministra do TST Maria Cristina Peduzzi foi mediadora da conferência realizada pelo Médico Oncologista Dráuzio Varella. A ministra discorreu sobre o vasto currículo do conferencista e falou sobre a importância de seu trabalho, “inclusive suas ações humanitárias”.

O especialista tratou sobre a qualidade de vida que, segundo ele , “é um assunto de interesse geral”. Dráuzio disse que nunca atuou na área de medicina trabalhista e não tinha como ser muito específico sobre o tema, mas sabia que os índices de acidentes de trabalho “eram preocupantes”.

O médico avaliou os acidentes como “desrespeito ao corpo humano, visto que o consideramos uma máquina”. Segundo ele, “os acidentes acontecem porque geralmente as normas de segurança deixam de ser observadas” e as pessoas tendem a achar que não serão acometidas por uma fatalidade.

Ao fazer uma avaliação rápida acerca das doenças mais comuns na atualidade, o médico ressaltou que metade da população brasileira sofre de diabetes ou pressão alta. “Essas doenças sobrecarregam o sistema de saúde e comprometem a qualidade de vida”, afirmou. Dráuzio também enfatizou o problema da obesidade no país e disse que “este é um processo inflamatório crônico” que deve ser prevenido com atividades físicas regulares e dieta balanceada.

“Devemos priorizar a atividade física em nossas vidas, pois além de fazer bem ao corpo ajuda a mente no combate ao estresse que é a pressão continuada provocada por alterações no sistema cardiovascular”, finalizou.

Painéis

O primeiro painel do dia foi explanado pelo professor e doutor em Direito do Trabalho pela Universidade de Milão Giuseppe Ludovico, com o tema “reflexos psicossociais das transformações do trabalho”. O professor afirmou que os principais problemas de saúde e segurança do trabalho são os mesmos em diversos países.

Para Ludovico, “cada transformação etimológica traz consigo novos riscos de trabalho”. Ele disse que geralmente, os acidentes não são causados especificamente pelo trabalho, mas estão vinculados a ele, ou seja, “o nexo causal é identificado no processo de trabalho”.

Um dos maiores problemas enfrentados hoje, segundo o especialista, é o estresse. “Cerca de 28% dos trabalhadores europeus sofrem de doenças relacionadas ao estresse no trabalho”, disse. O professor contou que os registros de pessoas afastadas por problemas depressivos “representa um dos maiores índices da atualidade” e os trabalhadores costumam adoecer quando “sentem-se incapacitados de responder às solicitações do ambiente de trabalho”.

Ludovico finalizou sua palestra com um alerta: “a alta competitividade no mercado de trabalho atual é um dos fatores de adoecimento, por isso, devemos diminuir as cargas e aumentar a qualidade”.

O segundo painel foi ministrado pelo Juiz titular da 88ª; Vara do Trabalho de São Paulo, Homero Batista Mateus da Silva. O magistrado falou sobre “nanotecnologia e seus impactos na organização produtiva” e ressaltou a importância desse tema defendendo que “a química dos anos 70 não existe mais e a sociedade precisa saber que o alumínio, o ouro, o cobre e o ferro têm potencial bastante agressivo”.

Segundo Homero Batista, “há benefícios e preocupações na utilização da nanotecnologia”, e por isso, é um assunto que “deve ser estudado e apresentado à sociedade de forma clara”. Entre os benefícios elencados pelo magistrado estão as novas perspectivas para o tratamento do câncer. Já entre as preocupações, ele elencou três que são consideradas preponderantes: rápida inserção na corrente sanguínea, pulmões, sistema cardiovascular, absorção cutânea; possibilidade de acesso ao cérebro e riscos que partículas de 1 a 3 mm interajam diretamente com o DNA.

Sua apresentação foi encerrada com as seguintes proposições ao tema: investimento em pesquisa proporcional ao investimento em produção; precauções de laboratórios levadas para a operação; ação regulatória antecipatória e participativa e revisão do conceito de limite de tolerância.

O último painel teve a apresentação do psiquiatra e médico do trabalho Duílio Antero de Camargo, com o tema “absenteísmo e presenteísmo no meio ambiente do trabalho”. O especialista discorreu sobre os principais transtornos mentais relacionados aos ambientes de trabalho, que, segundo ele “representam grande número de afastamento de trabalhadores”.

O médico fez uma espécie de linha do tempo e considerou os índices de acidentes de trabalho desde a década de 1970 até os dias atuais. “Os dados dos anos 70 são alarmantes e somam números maiores que os da Guerra do Vietnã”, observou.

Segundo o especialista, as principais doenças representantes de incapacidade laboral no Brasil são: osteomusculares; lesões, envenenamentos e causas externas e transtornos mentais. A respeito dos transtornos, o médico dividiu em quatro grandes índices: transtornos de humor; transtornos mentais devido a substâncias psicoativas; transtornos neuróticos e esquizofrenia – o mais grave deles.

“Enfrentamos um grande desafio ao fazer o diagnóstico de doença ocasionada pelo trabalho e depois ainda temos o desafio do tratamento”, concluiu.

Os painéis foram mediados pelo ministro do TST João Oreste Dalazen, que, em seguida, encerrou o Seminário Internacional Trabalho Seguro.

(Fonte: CSTJ)

Por |2015-10-29T11:31:00-02:0029 de outubro de 2015|Notícias|