Data: 10 de julho
De acordo com a técnica da Coordenação de Educação da Fundacentro, Eliane Vainer Loeff, promover discussões acerca da importância de se contratar profissionais com deficiência é fundamental por vários aspectos, os quais correspondem à geração de empregos, contribui com a economia do país e, sobretudo, com a autoestima de pessoas que precisam e querem ser incluídas no mercado de trabalho. Eliane Vainer e Myrian Matsuo Affonso Beltrão coordenaram durante o mês de junho, a 8ª; edição do “Curso de Inclusão das Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho: Prevenção, Segurança e Saúde no Trabalho”.
Eliane comenta que para promover o curso voltado aos agentes públicos, profissionais de empresas, dos Centros de Referência de Saúde do Trabalhador (Cerest), da Superintendência Regional do Trabalho (SRTE), do Sistema único de Saúde do Trabalhador (SUS) e profissionais interessados no tema, a CEd preocupa-se em organizar, a cada ano, um evento que possibilite integrar especialistas com conhecimento em educação inclusiva. “é importante que a instituição tenha oportunidade de discutir um tema muito plausível que é a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Para isso, convidamos profissionais de diversas áreas para que desenvolvam atividades diferentes com os alunos. Este ano, quis colocar no programa casos exitosos”, relata Loeff. Em uma das edições, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer o ambiente de trabalho todo adaptado para as pessoas com deficiência da empresa Serasa Experian.
Os casos exitosos que fizeram parte do último dia do curso (30/06), contou com a participação da presidente do Comitê de ética do Magazine Luiza e presidente Adjunto do Comitê de Sustentabilidade do Instituto de Desenvolvimento do Varejo, Ivone Paula Santana. Ivone discorre sobre a implantação do programa de inclusão das pessoas com deficiência no Magazine Luiza. “Para implantar o programa foi necessário estudar o assunto e aprender. Com o aprendizado que adquirimos, implantamos uma cultura de inclusão de pessoas com deficiência, por meio de treinamento para todos os funcionários, especialmente, para o nosso setor de recursos humanos e para os gestores que contratam as pessoas. Desenvolvemos vários trabalhos de planejamento e sensibilização com gerentes de lojas, dos centros de distribuição e escritórios. Paralelamente, criamos políticas para eliminar vagas específicas para deficientes, mas abrir vagas para todas as pessoas sejam elas com algum tipo de deficiência ou não”, salienta Santana.
A presidente do Comitê diz ainda que isso é possível porque a empresa incorporou em todos os ambientes de trabalho adaptações para receber as pessoas com deficiência. Disponibilizam softwares para os deficientes visuais, cursos de LIBRAS para as unidades que receberão deficientes auditivos em suas equipes, com isso, promove acessibilidade para as deficiências físicas e visuais. “é plausível a dedicação e comprometimento dos profissionais com deficiência, a satisfação e interesse em se especializar e aprimorar as suas atividades, isso proporciona um excelente trabalho desenvolvidos por eles. Diante disso, hoje a empresa tem em seu quadro de funcionários: três gestores competentes que conseguiram crescer por iniciativa e competência. A Fundacentro esta de parabéns por proporcionar um evento que discute este tema, pois no meio acadêmico ainda o tema não é abordado. Formam futuros profissionais que chegam às empresas e ficam apreensivos para contratar uma pessoa com deficiência, pelo simples fato de desconhecerem”, finaliza Ivone.
Outro caso que compôs o dia foi o relato da pedagoga Maria Rosimar da Silva, que emociona a todos que assistiam à palestra sobre a história da sua trajetória como mãe de três filhos, sendo que o primogênito nascerá com síndrome de down. A notícia de que Arthur nasceria com síndrome de down, na década de 80, foi dada quando ela estava grávida. Na época, os médicos informaram que o seu filho não sobreviveria e enfatizaram que após o nascimento dele, a vida do Arthur não seria prolongada. No entanto, o rapaz tem hoje 28 anos, esteve presente no evento e com uma história de vida que dá incentivo a todas as pessoas. Ele e a sua mãe trilharam caminhos de dificuldades no dia a dia, mas nunca desistiram de procurar e proporcionar uma vida digna igual à de todas as pessoas, especialmente, quando os seus dois irmãos nasceram depois dele. “Para receber a notícia de que o seu filho será portador da síndrome de down é importante que a família esteja unida e preparada. Geralmente, o pai abandona a mãe quando fica sabendo que o filho nascerá com deficiência intelectual. No meu caso, tenho o meu marido por perto. Embora, a mãe é a pessoa que sempre corre atrás das necessidades dos filhos”, emocionada comenta Maria.
As características físicas de uma pessoa com síndrome de down estão associadas com olhos amendoados, cabeça mais achatada na parte de trás, língua protusa, hipotonia muscular e comprometimento intelectual. A pedagoga comenta que a síndrome de down ocorre devido à trissomia do cromossomo 21, onde acidentalmente é causado um erro na divisão das células durante a fecundação. Também informa que são mais vulneráveis a desenvolverem doenças como cardiopatias e problemas respiratórios. Por isso, ela passava noites acordada para poder observar o seu filho enquanto dormia.
A pedagoga enfatiza que a estimulação desde cedo é muito importante para o desenvolvimento da criança. O Arthur iniciou na APAE aos 10 meses de idade e permaneceu até os 15 anos. “Como ele tem mais dois irmãos pedia para estudar nas escolas com os seus irmãos. Foi uma luta! Percorri a zona leste e outros bairros para encontrar uma escola que o aceitasse, mas recebi muitos nãos. Mesmo assim, não desistimos e posso dizer que valeu a pena cada choro, cada conquista e força de vontade do meu filho”, diz Rosimar.
Arthur estuda, trabalha há sete anos na Loja Centauro, como atendente de loja e casou-se recentemente. “Como mãe, o meu objetivo foi mostrar ao meu filho que ele pode ser independente e conquistar o seu espaço no mundo. A nossa sociedade precisa acreditar que a diversidade pode melhorar o mundo, somos todos diferentes e precisamos aceitar as diferenças seja ela qual for”, explana Maria.
A coordenadora Vainer informa que as aulas foram sensacionais porque mostram aos alunos que é possível incluir as pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Os temas abordados no curso foram Saúde e Segurança no Trabalho da Pessoa com Deficiência; Diversidade no Mercado de Trabalho para Pessoas com; História da Deficiência e do Movimento das Pessoas com Deficiência; Fiscalização da Lei de Cotas; Contratação de Pessoas com Deficiência na Perspectiva do Olhar Jurídico; Tecnologia Assistiva; Acessibilidade; Avaliação Médica do Trabalho de Pessoas com Deficiência; Por que a Lei de Cotas continua sendo Desrespeitada no País, passados 23 anos? Contratação de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho; Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF): Incapacidade e Saúde; Implantação do Programa das Pessoas com Deficiência do Magazine Luiza e Casos Exitosos, conforme programação do curso.
Eliane Vainer comenta que os temas como saúde e segurança no trabalho da pessoa com deficiência, diversidade no mercado de trabalho para as pessoas com deficiência, legislação, Classificação Internacional de Funcionalidade e Incapacidade e Saúde (CIF) são fundamentais e básicos a qualquer ação educativa sobre o assunto. “A cada edição a programação é muito bem estudada, para que sejam inseridos novos assuntos e possamos contemplar o tema em todas as esferas: públicas e privadas, explana a técnica.
Para ela, um dos pontos relevantes nesta edição foi abordado pelo palestrante Carlos Clemente, o qual demonstra que a Lei de Cotas vem sendo descumprida de modo a deixar 73,5% das vagas sem serem preenchidas. “Clemente combateu quatro argumentos principais que são utilizados comumente para se explicar o não preenchimento das vagas, ele os classificou como mitos que precisam ser superados. Para ele, não faltam pessoas com deficiência para serem contratados, assim como, existem sim pessoas qualificadas para ocuparem os cargos, pois os dados apresentados mostram um bom nível de escolaridade entre as pessoas com deficiência. Argumentou também que as pessoas com deficiência querem sim trabalhar, e não apenas em receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A dificuldade de encontrar pessoas com deficiência para atuar em áreas e ou situações de risco não é exclusividade deste público, pois trabalhar em situação de risco não é bom para ninguém”, salienta Loeff.
A técnica ainda diz que o publico mudou, antigamente eram somente agentes públicos que participavam do curso, hoje em dia são profissionais que trabalham em empresas e buscam aprender e saber sobre as condições de vida das pessoas com deficiência.
Lei de Cotas
Eliane comenta que é preciso ter um olhar para as pessoas que nasceram com uma deficiência e as que adquiriram durante o trabalho. “Isso não muda em nada para que elas possam trabalhar. O ambiente precisa ser adaptado para recebê-las. Algumas coisas estão mudando, como as implantações de adaptações nos ambientes de trabalho, mas ainda algumas coisas precisam ser mudadas”, salienta Loeff.
Esta programada para o mês de outubro deste ano, uma palestra sobre Contratação de Pessoas com Deficiência na Perspectiva do Olhar Jurídico, que será apresentada pela advogada da OAB, Vera Lúcia Leite de Oliveira.
Assim que a Coordenação de Educação disponibilizar o folder, a Assessoria de Comunicação Social (ACS) fará a divulgação do evento.
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Fonte: Fundacentro