Data: 3 de dezembro
Já está disponível para leitura, o livro “Análise coletiva do trabalho executado no cultivo do abacaxi no município de Guaraçaí, São Paulo”, edição 201.
Os autores, Maria Cristina Gonzaga e Sandra Donatelli (ambas do Serviço de Ergonomia da Fundacentro), e Ana Paula Ramilo Tencarte, Paulo José Adissi e Eliana Inês dos Santos, contam, em 57 páginas, como os trabalhadores desempenham seu papel no cultivo do abacaxi, envolvendo todas as fases do processo de trabalho, e apresentam alternativas para a melhoria das condições de trabalho.
O método utilizado para colher informações dos trabalhadores foi a Análise Coletiva do Trabalho, que em termos técnicos significa envolver os próprios trabalhadores em seus depoimentos, a partir da descrição das atividades por eles realizadas. é a partir dessas respostas que são traçadas novas linhas para a compreensão e diagnóstico do problema.
A atividade no cultivo do abacaxi apresenta uma série de questões associadas ao fornecimento inadequado de luvas de proteção e características próprias de plantio e colheita do fruto que envolvem desde o corte, o transporte, o descarregamento, a aplicação de adubos e herbicidas, até a organização dos frutos colhidos, e então levados ao caminhão.
Outros fatores como a postura do trabalhador e as diferenças existentes entre as tarefas manuais e mecânicas foram analisadas pelos pesquisadores.
Os riscos de acidentes de trabalho na colheita são grandes, uma vez que o abacaxi é uma fruta permeada por espinhos, podendo perfurar regiões do corpo, como olhos, mãos, abdômen, virilha e pernas, além da presença de animais peçonhentos.
A precariedade nas condições de colheita do abacaxi também está presente na exposição continua ao sol e à exposição ao tanguá, termo usado pelos trabalhadores para descrever a exaustão causada pela postura rígida, seja agachado ou inclinado durante muito tempo.
EPI
“Um dos cultivos agrícolas mais desafiadores do ponto de vista dos fatores de risco laborais é o do abacaxi”, trecho extraído do relatório : “Avaliação das tarefas no cultivo do abacaxi e os equipamentos de proteção individual”, concluído em outubro.
Com base nessa justificativa, os pesquisadores, Maria Gonzaga da Fundacentro, Ana Paula Ramilo Tencarte, Aline Fernanda Pereira Vieira e Paulo Cesar Salomão Barreira, conduziram pesquisa solicitada em abril de 2013 pelo CEREST de Ilha Solteira, pelo Sindicato dos Empregados Rurais de Guaraçaí, pela Associação de Produtores de Abacaxi de Guaraçaí (APAMG) e pelo Sindical Rural de Guaraçaí, para mostrar as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores na realização das atividades.
Por meio de protocolo de intenções firmado em 2013 pelas instituições, foi possível levantar os problemas relacionados à inexistência da formalização das relações de trabalho, o não reconhecimento dos acidentes e das doenças do trabalho, a ausência do fornecimento de água e de equipamento de proteção individual (EPI), levando o trabalhador muitas vezes à improvisação caseira no uso de luvas.
Por recomendação dos próprios trabalhadores durante a realização da pesquisa, foi sugerido o fornecimento de EPI´s adequados para todas as fases de cultivo do abacaxi, óculos em tela, sapatão, touca árabe, luvas apropriadas para adubação química, caneleira para proteção junto à calça de lona e mangotes nos dois braços para proteger do ataque de animais peçonhentos.
A Fundacentro e entidades parceiras, responsáveis pela condução da pesquisa, fizeram uma série de recomendações técnicas quanto ao uso de luvas, botas e vestimentas adequadas para o trabalhador que podem ser lidas no Anexo constante do relatório.
Fonte: Fundacentro