Pesquisa estuda exposição à poeira de sal no Rio Grande do Norte

Pesquisa estuda exposição à poeira de sal no Rio Grande do Norte

Data: 20 de outubro

O engenheiro de segurança e higienista ocupacional, Pedro Câncio Neto, defendeu dissertação de mestrado sobre a exposição ocupacional à poeira no processo de beneficiamento do sal marinho em salinas no Rio Grande do Norte no Programa de Pós-Graduação “Trabalho, Saúde e Ambiente” da Fundacentro. A pesquisa identificou os trabalhadores expostos a mais riscos.

“Há presença considerável de poeira na fração inalável no setor de beneficiamento de sal em quatro empresas avaliadas de um total de nove visitadas”, explica Câncio Neto.

O estudo teve caráter exploratório, qualitativo e quantitativo da exposição ocupacional à poeira no processo de beneficiamento do sal marinho em quatro salinas localizadas nos municípios de Grossos e Mossoró (RN). A escolha das empresas seguiu critérios como a presença de nuvens de poeiras de sal visíveis ao olho nu, acúmulo de poeira nas estruturas de sustentação e de equipamentos e presença de poeira nas vestimentas de trabalhadores.

Outros aspectos observados foram a presença de peneiras vibratórias mecânicas sem contenção de poeira, acúmulo de poeira de sal na tubulação de exaustão das máquinas empacotadoras e dosadoras e sal derramado no piso durante o enchimento manual de sacos.

Ainda foram identificadas situações como limpeza do piso feita a seco com auxílio de vassouras, enchimento de Big Bag sem a válvula superior para conexão com o sistema de envase e junta de interligação em tecido danificada e saturada de sal. Já a constatação de grande quantidade de sal sob e próximo ao palete, onde são empilhados os sacos, sugere problemas na válvula de vedação dos sacos de 25 kg.

Em suas considerações finais, o pesquisador aponta que “a concentração de poeira na fração inalável”, em três das quatro empresas avaliadas, “é a mais predominante nos ambientes de trabalho”. Assim as concentrações desse tipo de poeira nessas três empresas estão acima do valor de referência adotado (10 mg/m³). Já as concentrações para a fração respirável nas quatro empresas avaliadas encontram-se abaixo do valor de referência adotado (3 mg/m³).

Defesa

A defesa, realizada em 9 de outubro, contou com o professor da Poli/USP, Wilson Siguemasa Iramina, doutor em engenharia mineral pela mesma universidade, e com a tecnologista da Fundacentro, Ana Maria Tibiriçá Bon, doutora em saúde pública pela USP, na banca. O trabalho teve a orientação de Claudia Gronchi, doutora na área de tecnologia nuclear, pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – Ipen, e tecnologista da Fundacentro.

Na avaliação do professor da Poli, o trabalho apresenta uma boa conclusão e indica a necessidade de outros estudos. “Parabenizo pela iniciativa. Pode resultar em bons trabalhos para serem publicados”, completa Wilson Iramina.

Já para Ana Maria Tibiriçá Bon a pesquisa teve um crescimento desde a qualificação. “Quero parabenizar pela escolha do tema, que é bastante interessante e atual, mostra que há 20, 30 anos os problemas continuam os mesmos”, afirma a pesquisadora da Fundacentro, fazendo referência a um estudo realizado pela instituição nos anos 80 em Pernambuco sobre esse setor.

Esse estudo da Fundacentro/PE foi considerado pela pesquisa, que nasceu do contato do engenheiro com os trabalhadores. “Eu trouxe a problemática para cá na entrevista [para o mestrado]. Eu havia recebido relatos que trabalhador do beneficiamento do sal tinha sangramentos nasais após a inalação das poeiras”, explica o mestre.

“Esse trabalho foi muito interessante e trouxe resultados significativos. Quando ele trouxe a problemática, acabei me encantando e apostei. Não havia referência, só o estudo da Fundacentro/PE dos anos 80. Há muita coisa a ser feita como a análise da parte médica”, completa a orientadora Cláudia Gronchi, destacando a dedicação que o pesquisador teve ao estudo.

A proposta acabou gerando um projeto na instituição, envolvendo outros alunos do mestrado e pesquisadores. “Só o fato de estar na Fundacentro fazendo um mestrado é a realização de um sonho. Para mim, foi excelente. Acrescentou muito na minha formação e mudou vários paradigmas que eu tinha em relação à saúde e segurança do trabalhador”, conclui Pedro Câncio Neto.

Fonte: Fundacentro

Por |2014-10-21T09:05:06-02:0021 de outubro de 2014|Notícias|