A saúde dos trabalhadores no cultivo do abacaxi

A saúde dos trabalhadores no cultivo do abacaxi

Data: 23 de setembro

Um estudo no município de Guaraçai sobre o trabalho no cultivo do abacaxi foi apresentado no 17º Congresso Brasileiro de Ergonomia – Transversalidade e Competitividade, entre os dias 16 a 19 de setembro na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).

De autoria da pesquisadora Maria Cristina Gonzaga da Fundacentro e Ana Paula Ramilo Tencarte, coordenadora do CEREST de Ilha Solteira, o estudo solicitado em 2011 pelo Sindicato dos Trabalhadores e Empregados Rurais de Guaraçai consistia no levantamento de dados sobre a utilização de luvas de proteção. Posteriormente, o estudo teve um viés mais amplo utilizando o método da Análise Coletiva de Trabalho (ACT), onde o próprio trabalhador descreve sua rotina de trabalho.

A Análise demonstrou que os riscos ocupacionais estão presentes em todas as etapas do processo produtivo. Segundo a pesquisadora da Fundacentro, melhorar as condições dos trabalhadores rurais nesse segmento, constitui-se um desafio para as entidades envolvidas.

Além da precariedade das condições físicas e sociais durante a execução do plantio do abacaxi, os acidentes mais comuns envolvem perfuração em partes do corpo (pernas, braços, mãos, e pés), causados pelas folhas pontiagudas do abacaxi e aos ataques de serpentes peçonhentas. Em uma das falas de um trabalhador entrevistado, o mesmo coloca que o risco da presença de animais é maior quando da colheita das mudas para o plantio. Ressalta ainda que não há nenhuma proteção e como alternativa “tem que pular quando vê cobra”.

O Brasil é o segundo maior produtor de abacaxi, seguido da Tailândia, de acordo com a Organização das Nações Unidas. Na região de Guaraçai, próxima a Araçatuba no estado de São Paulo, a produção do abacaxi é de 52,52%. Cerca de 3 mil pessoas, ou o equivalente a 38% da população da cidade são empregadas diretamente, dividindo-se em grupos de unidades de produção familiar e unidades patronais.

Ainda no estudo da Análise Coletiva de Trabalho foi constatado que os equipamentos de proteção individual, quando fornecidos, são inadequados e que nenhuma tecnologia é aplicada para melhorar as condições de trabalho, especialmente na atividade manual que exige a aplicação de adubo químico com as mãos.

O Serviço de Ergonomia da Fundacentro finalizou o segundo relatório em setembro de 2014, que consiste na confirmação ou não das informações obtidas na ACT. Nessa fase foi utilizada a Análise Ergonômica do Trabalho para avaliar as diferentes tarefas do cultivo do abacaxi, onde se confirmou em campo o que foi apresentado na ACT.

O 17º Congresso Brasileiro de Ergonomia foi realizado pela Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO, com apoio da UFSCar e Revista Proteção.

Fonte: Fundacentro

Por |2014-09-24T16:52:27-03:0024 de setembro de 2014|Notícias|