Data: 30 de outubro
Com a maior rigidez das normas do Ministério do Trabalho para evitar acidentes e garantir a integridade dos funcionários, a indústria da panificação se desdobra para reinventar máquinas e equipamentos capazes de assegurar a proteção necessária no ambiente de trabalho.
De 2012 a 2016, as padarias brasileiras seguem um cronograma para substituir batedeiras, amassadeiras, modeladoras e outras máquinas por equipamentos mais seguros, conforme as regras da NR 12 (norma regulamentadora número 12).
A regra determina os “princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores […] nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos”.
Para isso, a indústria que atende padarias e restaurantes apostou na tecnologia para ampliar a segurança dos trabalhadores do setor , segundo o presidente do Sindipan (Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria de São Paulo), Antero José Pereira.
– Os equipamentos estão cada vez mais avançados em termos de tecnologia. Hoje, nós temos máquinas nacionais e estrangeiras que proporcionam uma economia muito grande de energia e também estão mais ecológicas. Todos os maquinários já estão regulamentados de acordo com a NR 12, com dispositivos de segurança, o que não existia antes.
O lixo orgânico, por exemplo, sempre foi um problema para as padarias, que devem contratar um serviço terceirizado para descartar resíduos sólidos – como frutas, verduras, carnes, peixes, enfim, tudo o que for orgânico menos osso. De olho nessa dificuldade e já atendendo à NR 12, a indústria Elvi desenvolveu uma máquina que transforma lixo orgânico em adubo ou base de ração animal.
O equipamento, que tem seis versões que varia de acordo com o volume de lixo a ser processado, consegue reduzir em até 90% do peso inicial do que é descartado. O resíduo vai para uma máquina que processa de 30 kg a 1,8 tonelada, dependendo do modelo. Sem adição de água, a máquina aquece e transforma o lixo em biomassa, explica a gerente de marketing da Elvi, Camila Dourado.
– No final do processo, que leva de 6 a 23 horas, sai adubo ou base de ração animal. Para cada 30kg, vc extrai 3 kg de adubo e 3 a 4 litros de água de reúso. O adubo produzido é usado como moeda de troca com fornecedores de hortifrúti, enquanto a água serve para limpar padaria.
Além do processo de transformação do lixo, o presidente do Sindipan destaca a tecnologia dos “fornos inteligentes que, com um simples toque no botão, você aciona o computador e ele se programa para colocar no forno e tirar uma fornada”.
O forno em questão foi desenvolvido pela indústria Ferri, de São Paulo. A empresa criou uma máquina que, por meio de um painel digital e tela touch screen, programa a quantidade de vapor para aquela receita e ainda emite um aviso sonoro quando termina de assar.
Olhos para o Brasil O crescimento do setor de panificação no Brasil já chamou a atenção da indústria de equipamentos de outros países. Na Fipan (maior feira de panificação e confeitaria da América Latina) deste ano, vieram expositores de equipamentos e insumos da Argentina, Peru, China, Alemanha, Portugal, entre outros. Antero Pereira, presidente do Sindipan, explica que a presença delas tem um único objetivo: implantar filiais aqui.
– Tanto é verdade que temos três empresas estrangeiras que instalaram fábricas aqui. Temos a Ramalhos, a Ferneto e a Prodipani, que produzem máquinas, equipamentos e insumos aqui no Brasil. Há uma outra alemã chegando para fechar uma joint venture com uma empresa brasileira.
Antero José Pereira diz que a tendência é a indústria de panificação brasileira se desenvolver ainda mais, mas não descarta a vinda de mais empresas estrangeiras para o País para fomentar o setor.
– Normalmente, essas empresas vêm para cá para apalpar o mercado e, se veem que o mercado está propício a elas, elas se instalam. Devido à NR 12, há muito espaço para os fabricantes de máquinas, porque muitas padarias ainda precisam se renovar.
Fonte: Revista Proteção