Painel sobre gestão em segurança e saúde no trabalho compôs o segundo dia da X Semana da Pesquisa

Painel sobre gestão em segurança e saúde no trabalho compôs o segundo dia da X Semana da Pesquisa

Data: 24 de outubro

Para o segundo dia da X Semana da Pesquisa, 22/10, no período da manhã foram apresentados seis temas. A tecnologista da Fundacentro/SP, Glaucia de Menezes Fernandes abordou “Elementos para o Desenvolvimento de um Material de Comunicação de Riscos: As Fontes de Informação e sua Influência na Exposição ao Agrotóxico pelos Trabalhadores de Estufas de Flores e Plantas Ornamentais”.

O tema apresentado por Glaucia Menezes foi para conciliar as áreas de segurança e saúde do trabalho com a sua área de design. Para Glaucia que trabalha na instituição como chefe do Serviço de Publicações (SPb), a ligação de SST e Comunicação contribuem para a discussão entre empregadores e empregados, sobre as práticas de prevenção de acidentes. “Alguns materiais que existem sobre a prevenção de acidentes na área rural não são tão específicos no que tange a comunicação”, exaltou Menezes.

Para a tecnologista a comunicação de risco deveria conter mais informações destinadas a cada área, desta forma os trabalhadores teriam matérias do qual pudessem estudar, disseminar e entender as questões do uso de agrotóxicos. “Alguns trabalhadores acreditam que são imunes à toxicologia de produtos químicos, já outros tomam cuidados para não inalar e no manuseio e aplicação dos produtos”, explanou Glaucia.

Glaucia destacou que o Brasil, em 2010, alcançou o primeiro lugar como consumidor de agrotóxico. Além disso, um fato preocupante é o uso indiscriminado de insumos na agricultura, em especial, nos países em desenvolvimento. Só o Estado de São Paulo é responsável por 70% da produção anual de flores e plantas ornamentais, “diante disso, existe uma necessidade de elaborar um material de comunicação de riscos. Essa comunicação tem que adequar-se com as características desta população e a participação de um profissional de design no processo agrega no sentido de definir a melhor forma de apresentar o material aos trabalhadores”, salientou a designer.

Assim como a tecnologista da Fundacentro, Glaucia Menezes, o mestre Anildo de Lima Passos Junior também foi aluno do programa de pós-graduação da Fundacentro. As defesas dos mestres ocorreram em setembro.

Com o título “Particularidades e Ineficiências na Gestão de Riscos Químicos em Fundições de Metais Ferrosos no Estado de São Paulo e seu Impacto na Prevenção da Ocorrência e do Agravamento de Danos à Saúde do Trabalhador”, foi explanado por Anildo de Lima. Anildo informou que foram selecionados cinco empresas de fundições de ferro, com mais de quinhentos funcionários. Para analisar a parte de risco operacional, esse trabalho foi realizado em parceria com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo e com o Setor de Riscos Químicos da Coordenação de Higiene do Trabalho da Fundacentro, iniciado em 2010, em São Paulo.

O palestrante informou que na produtividade dessas empresas utilizam areia no processo de fundição, no qual o trabalhador fica exposto a diversas substâncias químicas, destacando a sílica. Nesse último caso, o médico da Fundacentro, Eduardo Algranti realizou telerradiografia nos trabalhadores, esse procedimento permite conseguir uma imagem do tamanho natural.

Um grupo de trabalho formado por auditores-fiscais e pesquisadores da Fundacentro realizaram diversas inspeções nos ambientes de trabalho dessas fundições. Os resultados obtidos em termos das auditorias e capacitação de profissionais de SST ligados ao processo produtivo ou não, focaram principalmente o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.

Passos apontou que a gestão de riscos químicos não é adequada para prevenir as doenças ocupacionais nos trabalhadores de fundições de matais ferrosos. Além disso, a conciliação do PPRA e PCMSO deveria ser compatível, para que os profissionais pudessem desenvolver um trabalho mais uniforme.

O aluno do curso de pós-graduação da Fundacentro, Evander Caires Damasceno, apresentou o seu projeto sobre “Integração da Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho à Gestão do Processo Produtivo: Uma Análise de Abordagens Adotadas no Setor Siderúrgico no Brasil.

Evander escolheu o tema porque observou que existe uma estagnação no processo de evolução na gestão de segurança. “Não encontrei nenhum trabalho que fosse a fundo à questão, no entanto, pesquisando em literaturas encontram-se muitos estudos tentando buscar integração de sistema de gestão, assim como as normas ISO e OHSAS, mais especificamente tratando da gestão da segurança e saúde do trabalho à gestão de produção”, relatou Damasceno.

O discente com experiência no ramo siderúrgico comentou que é imprescindível que haja uma harmonização entre os responsáveis pelos níveis estratégico, tático e operacional para que o processo de integração seja viável.

Evander concluiu que a gestão de riscos nas atividades de manutenção de um modo geral são as mais críticas “é fundamental obter uma atenção efetiva nesse caso, durante as entrevistas e análise de documentos relacionados à gestão de riscos, mostram um risco prejudicial à saúde dos trabalhadores”, destacou o aluno.

Para retratar os registros de acidentes fatais, Rosa Maria Vieira de Freitas e Monica La Porte Teixeira apresentaram o tema “Vinculação de Bancos de Dados de Acidentes do Trabalho Fatais dos Estados de São Paulo e Minas Gerais – 2006 a 2008”.

O relatório apresentado por Rosa Maria e Monica foi realizado pela Fundacentro em conjunto com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), esse vínculo entre os dois órgãos iniciou-se em 1994. O objetivo foi de identificar e quantificar as características dos trabalhadores que foram vitimas fatais durante os três anos, no qual vincularam duas fontes de dados: Declarações de óbito (DO) e Comunicações de Acidentes do Trabalho (CAT).

Durante a apresentação ficou explícito que o número de mortes ultrapassa o que é informado pelas estatísticas oficiais da Previdência Social. Por isso, segundo as palestrantes é importante a vinculação de dados que possibilita que as informações sejam tratadas conjuntamente do qual é possível identificar casos comuns e elaborar uma base de dados completa.

O estudo relaciona os três dados: a de declarações de óbitos com as Comunicações de Acidentes do Trabalho (CAT), baseando-se nos dados fornecidos do Sistema de Declaração de óbitos da Fundação Seade, para São Paulo, e no Sistema de Informações sobre Mortalidades (SIM), pertencente ao Ministério da Saúde, para Minas Gerais.

Outro ponto importante abordado foi a respeito das análises referentes às variáveis como idade, estado civil e escolaridade. Esse comprovou que tanto em Minas Gerais quanto em São Paulo, os acidentes fatais ocorreram em jovens com menos de 30 anos. Constatou-se também que as vítimas de acidentes fatais tinham baixa escolaridade.

Com o título “Um Choque na Cultura do Improviso – Relato de ação Interinstitucional e Estruturante no Combate aos Acidentes Elétricos em Obras de João Pessoa (PB)”, o tecnologista da Fundacentro, José Hélio Lopes Batista informou que a indústria da construção civil gera quase 3 milhões de empregos – são 120 mil empresas, sendo 93% micro e pequenas empresas.

Por outro lado, os acidentes nessa área ocupa o primeiro lugar em óbitos, sendo as principais quedas de alturas e choques elétricos. O estudo foi realizado na Paraíba no período de 2003 e 2004, com o intuito de minimizar o alto índice de acidentes de trabalho, sendo 60% dos óbitos em João Pessoa. “A nossa missão é de melhorar continuamente o ambiente de trabalho na indústria da construção civil, tornando-o mais saudável e com maior qualidade de vida”, comentou José Hélio.

Para desenvolver um programa para focar na melhoria do ambiente da construção civil, o Comitê Permanente Regional (CPR-PB) e parceiros como a Fundacentro realizam plenárias mensais ou comissões formadas para encaminhar demandas específicas e promovem fóruns de discussões das cláusulas de segurança para a convenção coletiva da categoria.

O tecnologista informou que o Programa de Redução de Acidentes Elétricos na Indústria da Construção (PRAE) possibilitou em conjunto com a concessionária de energia, ampliação do programa para toda a Paraíba, a partir de inserção das normas internas da concessionária e uma elaboração de obras fiscalizadas. “Saúde e segurança devem estar incorporado na gestão do trabalho”, finaliza José Hélio.

A palestra do tecnologista Sérgio R. Cosmano foi sobre “A pesquisa na Biblioteca da Fundacentro na Produção Científica em Segurança e Saúde no Trabalho: Um Estudo de Caso”. Sérgio enfatizou que o estudo foi destinado para contribuir com a missão da biblioteca que é a atender às necessidades de informação de usuários internos e externos interessados na área de Segurança e Saúde no Trabalho.

“Analisei como o usuário realiza a pesquisa na biblioteca da instituição na produção científica em SST por meio de um estudo de caso”, relatou Cosmano.

O tecnologista observou que a biblioteca satisfaz as necessidades dos seus usuários, mesmo é possível realizar algumas melhorias como curso para orientar como se faz as pesquisas bibliográficas em base de dados existentes, acesso a periódicos, artigos completos on-line e livros eletrônicos e entre outros.

No final das apresentações, o pesquisador da Fundacentro, Gilmar da Cunha Trivelato debateu informou que existem processos básicos como conformidade com a legislação nacional, conformidade e eficácia na gestão da produção e conformidade e eficácia e redefinição estratégica do negócio. Ser conduzida por quem é responsável pela determinação e gestão dos processos do trabalho, esses fatores contribui para efetividades da gestão. Baseada em cultura sustentável em elevado padrão ético e não apenas econômicos.

Trivelato discorreu que os principais problemas encontrados durante o trabalho, não podem ser resolvidos por um sistema genérico, pois não consideram as especificidades dos processos de trabalho e riscos. Outro problema apontado foi sobre o sistema que esquece a saúde e foca em acidentes de trabalho e controle comportamento, “no ponto de vista epidemiológico isso não e possível, pois a abordagem tem que ser outra e não essa”, relatou Gilmar.

O tecnologista afirmou que no Brasil, são muitos os desafios para gestão em SST, pois a legislação esta cheia de conflitos. “Temos que seguir os exemplos de países que têm ação na gestão de empresas de pequeno e médio porte. Também é necessário que haja uma harmonização das normas, caso contrário, continuaremos com a cultura laudista”, comentou Gilmar.

Fonte: Fundacentro

Por |2013-10-28T08:22:26-02:0028 de outubro de 2013|Notícias|