Médicos protestam nas ruas de Natal e “fazem velório” do ministro da Saúde

Médicos protestam nas ruas de Natal e “fazem velório” do ministro da Saúde

Data: 3 de julho

A categoria médica potiguar saiu às ruas de Natal na manhã desta quarta-feira (3), para protestar contra a decisão do Governo Federal de “importar” médicos estrangeiros para atuar no Sistema único de Saúde (SUS). Nem mesmo a chuva que cai na capital potiguar desde cedo afastou as cerca de 400 pessoas na marcha #vempraruapelasaúde. Parte dos manifestantes levou um caixão com uma foto do ministro da Saúde, Alexandre Padilha e fizeram um “velório simbólico”. Durante o protesto, apenas atendimentos de urgência e emergência aconteceram nas unidades do Rio Grande do Norte.

A concentração do movimento ocorreu por volta das 10h, em frente à Associação Médica do Rio Grande do Norte (AMRN). De lá os médicos seguiram em caminhada até o hospital Walfredo Gurgel, o maior do Estado, pelas avenidas Salgado Filho e Hermes da Fonseca, Zona Sul. Durante a passeata vários cartazes, faixas e bandeiras eram erguidos pela categoria, que também gritava palavras de ordem como: “ô presidenta vê se me escuta importar médico não é conduta”; ” Quem não pula quer cubano” e ” ô presidenta presta atenção a solução é a revalidação”.

“A bandeira que une os médicos é contra essa farsa do Governo Federal de importar profissionais. Isso é um pano para encobrir baixos salários, falta de condições de trabalho e carreira e o caos que se transformou a saúde pública brasileira. Nos também estamos reivindicando mais recursos para melhorar as unidades de urgência”, disse o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e também do Sindicato dos Médicos no RN (Sinmed RN), Geraldo Ferreira.

O ministro da Saúde também foi alvo de críticas, e “Padilha não tenha medo, tem uma maca lhe esperando no Walfredo”. Os manifestantes construíram um caixão com a foto do auxiliar da presidente, que foi carregado durante toda a passeata. Após cerca de 40 minutos de caminhada, o grupo que levava o “caixão de Padilha” se deparou com um buraco aberto no asfalto, em frente ao Shopping Midway Mall, e então fizeram o “enterro” do ministro dizendo que ele “fosse com Deus para Cuba”.

Logo em seguida, os médicos fecharam o cruzamento das Avenidas Salgado Filho com Bernardo Vieira, também nas proximidades do Midway, e realizaram um minuto de silêncio em solidariedade aos pacientes que precisam da saúde pública e que não encontram respaldo, após cantaram o Hino Nacional.

De acordo com o projeto do Ministério da Saúde, anunciado pela presidente Dilma Rousseff no dia 21 de junho, os médicos estrangeiros virão para atuar no interior do Brasil, no entanto, não precisarão passar pelo chamado “Revalida”. A medida foi anunciada pelo Governo Federal como solução para reduzir o déficit no atendimento médico em unidades públicas de saúde.

Segundo o presidente da Associação Médica do Rio Grande do Norte (AMRN), álvaro Barros, a revalidação é uma espécie de avaliação do diploma do médico para ver se a grade curricular cursada por ele corresponde às necessidades para exercer a profissão, e que sem ela os médicos estrangeiros estariam vindo atuar no Brasil de forma ilegal para o exercício da medicina, já que não seriam fiscalizados pelo Conselho Federal de Medicina (CRM).

“é como se um clínico geral fosse fazer cirurgia neurológica. Então, nós temos que saber o que eles fazem, revalidar o diploma como todo país civilizado e aí sim as coisas podem acontecer de forma normal”, disse. Ele ressaltou que a categoria não é contrária ao traballho dos estrangeiros no País, mas que eles passem pelas mesmas exigência e sejam fiscalizados da mesma forma como os brasileiros.

O senador Paulo Davim (PV), que é médico cardiologista, também esteve na manifestação em Natal apoiando a categoria. Segundo ele, o Brasil não precisa importar médicos. “O Brasil tem 20% dos médicos do continente americano e 4,5% dos médicos do planeta. O que acontece no País é uma concentração dos profissionais nas regiões Sul e Sudeste. O que precisamos é de uma política de interiorização do médico e de carreira para o médico”, disse.

Davim também destacou, “na verdade nós a rigor não somos contra a vinda de estrangeiros, desde que façam o exame do revalida. O que o Brasil precisa é de maiores recursos pra Saúde, não vai ser trazendo médicos e levando para o interior que vamos resolver o problema da Saúde da população”, acrescenta.

Já o presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (Cremern), Jeancarlo Cavalcante, analisou o ato. “A manifestação foi vitoriosa. Foi uma demonstração sem procedentes na história do movimento médico potiguar. Acredito que desta vez não haverá volta. Os médicos unidos irão até o final da luta”, declarou após a manifestação.

A marcha que seguiu uma orientação nacional foi encerrada por volta das 12h15 quando os médicos realizaram um abraço simbólico ao Hospital Walfredo Gurgel. O ato foi apoiado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB), Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR) e a Federação Nacional dos Médicos (Fenam).

Fonte: UOL

Por |2013-07-03T15:54:43-03:003 de julho de 2013|Notícias|