Combate a acidente de trabalho exige contexto

Combate a acidente de trabalho exige contexto

Data: 16 de novembro

Com o objetivo de explicitar a necessidade de abordagens contextualizadas nas medidas de combate a acidentes de trabalho, pesquisadores realizaram estudo de caso analisando índices de acidentes e diferentes políticas adotadas por um frigorífico no interior de São Paulo.

Defendendo que, para redução de índices altos, é necessário levar em conta não apenas fatores pontuais, mas também o quadro geral de como os casos acontecem, os três autores do estudo em questão acompanharam dois momentos diferentes. No primeiro, em 1997, as ações de vigilância incidiam apenas em fatores de risco visíveis e deram pouco resultado. No segundo, em 2008, quando o índice anual de acidentes ainda era de 26%, a fiscalização passou a considerar o contexto no qual os acidentes aconteciam: trabalho intenso; inadequação de meios técnicos; absenteísmo e rotatividade com recrutamento de inexperientes, quadro agravado por práticas autoritárias.

O resultado da pesquisa é um artigo científico publicado na Revista “Saúde e Sociedade – Abrasco”. Abaixo, a Repórter Brasil reproduz trecho em que os pesquisadores argumentam em favor de uma abordagem contextualizada no combate aos acidentes de trabalho.

“Os acidentes do trabalho constituem o principal agravo à saúde dos trabalhadores, com elevados custos sociais e econômicos que podem chegar a 10% do PIB (Produto Interno Bruto).
Esses acidentes são influenciados por aspectos da situação imediata de trabalho como o maquinário, a tarefa, o meio técnico ou material, mas também pelas relações de trabalho, cuja determinação situa-se na sua organização.

A despeito das críticas às abordagens tradicio¬nais, ainda prevalece uma visão reducionista e tendenciosa de que esses eventos possuem uma ou poucas causas decorrentes de falhas dos operadores (erro humano, ato inseguro, comportamento fora do padrão etc.) associadas ao descumprimento de normas e padrões de segurança ou a falhas técnicas e materiais.

Esse enfoque herdado de disciplinas clássicas como a Higiene e Saúde Ocupacional é insuficiente para explicar o processo causal dos acidentes e da nocividade, o que limita as ações de vigilância e prevenção, ao deixar intocados os determinantes desses eventos.

A vigilância em saúde do trabalhador no SUS (Sistema único de Saúde) tem sido abordada em perspectiva sociotécnica, na qual a prevenção pode surgir de ações estratégicas articuladas interinstitucionalmente, de modo a analisar e a intervir nos fatores determinantes e condicionantes dos problemas de saúde relacionados aos processos de trabalho.

A despeito de avanços práticos e teóricos, um dos grandes desafios dos agentes públicos é identificar os determinantes dos acidentes e da nocividade e, a partir desse diagnóstico, desencadear ações de prevenção”.

A pesquisa está disponível em http://migre.me/bTFa0

Fonte: Ministério Público do Trabalho

Por |2012-11-21T09:40:56-02:0021 de novembro de 2012|Notícias|