Jornalistas mexicanos sofrem dos mesmos traumas de correspondentes de guerra

Jornalistas mexicanos sofrem dos mesmos traumas de correspondentes de guerra

Data: 18 de setembro

Jornalistas mexicanos estão sofrendo níveis de estresse traumático semelhantes aos dos correspondentes de guerra durante a cobertura relacionada ao narcotráfico. A constatação é de um estudo científico do Dr. Anthony Feinstein, professor de psiquiatria da Universidade de Toronto.

Há 10 anos, Feinstein também publicou o estudo mais confiável sobre trauma e estresse entre os repórteres de guerra, informou o Blog Jornalismo nas Américas.

Feinstein descobriu que 25% dos 104 jornalistas pesquisados relataram ter parado de cobrir notícias sobre drogas por causa da intimidação, dirigida a eles ou a suas famílias, e apresentaram mais sintomas de estresse pós-traumático, depressão e disfunção psicológica geral que colegas.

Mais de 70% dos jornalistas viviam em uma província com violência relacionada às drogas. Quase metade deles conhecia um colega que foi assassinado pelos cartéis da droga. Mais da metade dos que cobriram notícias sobre o narcotráfico foi ameaçada. Um em cada 10 teve um membro da família ameaçada.

Feinstein, cujo principal trabalho, “Vidas perigosas: A guerra e os homens e mulheres que a cobrem” (em tradução livre), disse que o percentual de jornalistas mexicanos que apresentam sinais de sofrimento psicológico é semelhante ao dos repórteres de guerra.

“Mas ao contrário do grupo de guerra, que entra e sai de zonas de perigo, a maioria dos jornalistas mexicanos aqui estudada trabalha e vive em áreas onde a violência extrema é endêmica. Não há trégua para o perigo”, acrescentou.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que financiou a pesquisa, foram levantadas questões importantes sobre a liberdade de expressão e imprensa no México. “Se os jornalistas são intimidados demais para cobrir as notícias e se a sua tensão emocional é tanta que eles não podem mais continuar trabalhando em uma história, o fornecimento de informações para o público fica prejudicado “, disse.

O estudo, realizado com a ajuda do International News Safety Institute (INSI), foi o primeiro do tipo sobre os efeitos do trauma sobre os jornalistas que cobrem seu próprio país em tempos de paz.

Fonte: Portal Imprensa

Por |2012-09-20T13:23:05-03:0020 de setembro de 2012|Notícias|