Safra de grãos em alta eleva o risco de acidentes em silos

Safra de grãos em alta eleva o risco de acidentes em silos

Data: 3 de setembro

Na próxima década, a produção de grãos no Brasil deve crescer 21,1%, segundo o estudo “Brasil – Projeções do Agronegócio 2011/2012 a 2021/2022”, publicado pelo Ministério da Agricultura. Neste contexto, torna-se cada vez mais importante saber como prevenir acidentes em silos e armazéns, já que mais pessoas devem trabalhar nesses ambientes confinados devido ao aumento da produção.

Ricardo Yorgos, consultor e diretor-presidente da Yorgos Ambiental – empresa especializada na detecção de gases em espaços confinados -, explica que os acidentes em silos e armazéns podem acontecer devido a explosões, asfixia, toxicidade ou engolfamento e que a prevenção é fundamental para diminuir os riscos e os danos. Afinal, lembra o consultor, esses acidentes podem ser fatais. “As normas regulamentadoras e as leis são cada vez mais rígidas para que esses acidentes sejam menos frequentes”, afirma.

O engolfamento acontece quando, abaixo de uma camada de grãos, forma-se um espaço oco ou vazio. Quando o trabalhador pisa sobre esses locais, ele “cai” no espaço oco, sendo “engolido” por quilos ou toneladas de grãos que se movem para ocupar aquele espaço vazio. Já a asfixia acontece quando há falta de oxigênio no local – já que os silos e armazéns são ambientes fechados.

Yorgos explica, ainda, que existem duas causas para as explosões. Uma delas é o acúmulo de metano no ambiente. O metano é um gás inflamável, resultante da decomposição ou fermentação natural dos grãos. Como o ambiente é confinado, o metano se acumula e pode gerar explosões. A explosão por poeira é ainda mais grave. “As partículas em suspensão decorrentes da poeira gerada pelos grãos também são explosivas”, alerta o especialista.

Durante o processo de fermentação, os grãos também geram gás sulfídrico (H2S) e monóxido de carbono (CO), duas substâncias altamente tóxicas que podem contaminar o organismo de quem as inala. O mesmo acontece com a fosfina – substância decorrente da reação do nitrato de alumínio com o ar. O nitrato de alumínio é colocado em cápsulas junto dos grãos para impedir a proliferação de larvas e bactérias, em um processo conhecido como fumigação. O contato com essas substâncias tóxicas pode causar acidentes fatais.

Algumas atividades realizadas em ambientes confinados, como silos e armazéns, também podem causar acidentes. “Os trabalhos de impermeabilização e solda, por exemplo, muitas vezes são realizados em altura, ou seja, a mais de 2 metros do chão. Existe uma norma regulamentadora – a NR 35 – que trata desse tema específico, pois é um trabalho de risco”, exemplifica. Segundo Yorgos, a simples limpeza do local pode fazer com que a poeira fique em suspensão, aumentando o risco de explosão. A pintura de manutenção em silos e armazéns também gera vapores orgânicos, gases que podem ser tóxicos e inflamáveis.

Prevenção

O especialista explica que existem maneiras eficientes de diminuir consideravelmente os riscos de acidentes, para preservar a vida e a saúde dos trabalhadores, além de evitar prejuízos materiais. “é preciso monitorar periodicamente o gás produzido em ambientes fechados”, alerta. Para isso, existem equipamentos específicos de detecção para os vários gases que representam perigos em ambientes confinados.

O uso de EPI – Equipamento de Proteção individual – também é fundamental, tanto para realizar o trabalho em altura quanto para prevenir a intoxicação. Neste caso, a proteção respiratória deve ser utilizada de acordo com o risco existente. A linha de vida é outro equipamento fundamental para prevenir acidentes como o engolfamento. Ela consiste em um cabo de aço que suspende o trabalhador em caso de acidente, impedindo que ele caia no espaço vazio formado pelos grãos.

“As proteções são obrigatórias por lei e cada vez mais as empresas se conscientizam da importância de investir em equipamentos e em treinamento dos funcionários”, diz o consultor. Segundo ele, algumas empresas realizam inclusive testes médicos e físicos diários para verificar se os trabalhadores apresentam condições de realizar o serviço. “O trabalhador também deve fazer sua parte para preservar sua vida e sua saúde. Ele deve ter sensibilidade para perceber o risco e nunca subestimá-lo. é preciso ter treinamento constante, conhecer as práticas seguras e utilizar corretamente os equipamentos”, recomenda Yorgos. “Afinal, muitas vezes, em ambientes confinados, o perigo é invisível e inodoro”, finaliza

Fonte: www.ultimoinstante.com.b

Por |2012-09-03T14:05:38-03:003 de setembro de 2012|Notícias|