ICOH 2012 – Médica fala sobre saúde do trabalho nas Américas

ICOH 2012 – Médica fala sobre saúde do trabalho nas Américas

Data: 19 de março

Palestrante: Drª; Julietta Rodriguez Guzmán

Tema: Occupational Health in the America

Drª; Julietta Rodriguez Guzmán (Colômbia) – Assessora regional na saúde do trabalhador e do consumidor (Pan American Health Organization – PAHO)

As Américas têm, somadas, 468 milhões de trabalhadores (39,5% na América do Norte e 60,2% na América Latina). Julietta explicou que todas as atividades podem ser divididas em atividades produtivas (produção de todos os bens) e não produtivas (limpar, cozinhar, consertar, cuidar, transportar, etc).

A médica lembrou o peso do trabalho formal em diferentes países (no México, somente 28%, no Paraguai, 60% e no Brasil, 46%) e ainda que o trabalho informal não tem proteção social e conta com piores condições de trabalho. De 2008 a 2009, com a crise econômica, o trabalho informal cresceu.

A América Latina e o Caribe (LAC) foram menos impactados pela crise até agora. Nesses países ainda há muitos trabalhadores informais, mas paralelamente há taxas de razoáveis a boas de emprego formal e menos pobreza nos últimos anos.

Ainda assim, desigualdades permanecem: baixa assistência a segurança e saúde social, falta de oportunidades, populações vulneráveis (crianças, mulheres, pessoas com deficiências), dificuldades de pagamento, doenças do trabalho, etc.

Julietta afirmou que Peru, Bolívia e Guatemala têm as mais elevadas taxas de trabalho infantil – o que representa riscos psicológicos extremos. Para a médica, trabalho forçado é o oposto de trabalho decente.

Segundo a colombiana, vítimas são sempre os mais desprotegidos (mulheres, crianças, jovens,indígenas, idosos e imigrantes), e há atualmente cerca de 1,3 mihão de pessoas no trabalho análogo à escravidão na América Latina e Caribe.

Julietta frisou, ainda, que 47,3% da mão-de-obra nesses países é feminina. A taxa cresceu, mas as desigualdades persistem (desvantagem social, menor nível de educação, discriminação de gênero, cargas múltiplas, salários mais baixos, violência, etc). A cobertura de seguridade social ainda é baixa e muitos países não têm sequer dados a respeito.

Doenças não transmissíveis (NCD) são a causa de morte nº 1 nas Américas: sendo 45% doenças cardiovasculares, 30% câncer, 10% doenças respiratórias crônicas. As NCD são evitáveis nas Américas (20% reduzindo tabaco, ingestão de sal 15% mais baixa, 60% mais acesso a serviços de saúde).

Dados sobre doenças do trabalho são escassos no LAC e as taxas parecem ser baixas mas pode ser resultado de pouca comunicação de acidentes – apenas para ilustrar, 16% das pessoas com imparidade auditiva (surdez) tiveram perdas de audição no trabalho.

O que a PAHO pode fazer em relação a isso?

– Estratégia 1: aliança intersetorial – organizações governamentais, organizações internacionais, centros colaborativos, ONGs

– Estratégia 2: colaboração com a PAHO

O caminho a trilhar (2012/13):

-Prioridades (setor informal, setor da saúde, setores de mineração e agricultura, trabalhos ecológicos)

-Reforçar diagnósticos, registrar e tornar visíveis as doenças ocupacionais, encarando a enorme magnitude das NCD

-Iniciativa regional para eliminar doenças relacionadas à silicose e ao amianto -Reforçar políticas, registro, vigilância e intervenções para prevenir e controlar câncer ocupacional -Comitê do bem-estar da PAHO

Entre outras posturas e atitudes.

Por |2012-03-21T10:14:48-03:0021 de março de 2012|Notícias|