Data: 15/09/2011
A loja Zara, do grupo espanhol Inditex, anunciou em 14 de setembro a criação de um telefone gratuito para receber denúncias de trabalho escravo em suas filiais no Brasil e se comprometeu a vigiar melhor sua rede de produção. O diretor global de Assuntos Corporativos de Inditex, Jesús Echevarría, fez este anúncio em uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, em um debate que discutia a exploração de trabalhadores estrangeiros no país.
O Ministério do Trabalho incluiu a Zara em 52 atas de infração, ao descobrir evidências de que a empresa AHA, uma de suas provedoras no Brasil, comprava roupa produzida em duas fábricas onde os trabalhadores, vindos da Bolívia e Peru, eram submetidos a condições semelhantes a escravidão. Em inspeção em uma oficina de São Paulo, um menor de 14 anos de idade foi encontrado, o que poderia constituir um crime de trabalho infantil.
Segundo as denúncias, os trabalhadores eram submetidos a condições precárias de segurança e de saúde, a um regime de vigilância intensiva sem qualquer liberdade e eram obrigados a cumprir jornadas de mais de 12 horas em troca de salários inferiores ao mínimo obrigatório por lei.
O representante de Inditex disse, na audiência da Câmara dos Deputados, que estes casos “ferem os princípios e os interesses” do grupo têxtil espanhol e declarou que a empresa já aprovou várias medidas para combater esse tipo de irregularidades. Entre outras medidas, Echevarría afirmou que Inditex vai fortalecer as inspeções de sua cadeia produtiva, iniciar um programa de capacitação de provedores e além disso, elaborar um manual de boas práticas para a indústria têxtil.
A Inditex conta no Brasil com cerca de 50 provedores estáveis que contam com mais de 7 mil trabalhadores, segundo dados da companhia espanhola. A AHA, que contratou diversas fábricas independentes, fornece 90% de sua produção a Zara e também trabalha para outros clientes.
Fonte: Agência EFE