Construtoras rejeitam negociação em canteiro de obras

Construtoras rejeitam negociação em canteiro de obras

Data: 02/08/2011

Empresários e sindicalistas tentarão nos próximos dias avançar nas negociações sobre as condições de trabalho nos canteiros dos grandes projetos de infraestrutura do país. A conclusão de um acordo é o objetivo final da comissão criada pelo Palácio do Planalto depois dos incidentes ocorridos nas obras das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio, em Rondônia. A comissão, no entanto, corre o risco de chegar a um impasse.

As centrais sindicais e o empresariado avançaram nas conversas sobre o combate aos chamados “gatos”, os intermediadores de contratação de mão de obra. Até agora, no entanto, não há concordância em relação à instituição de um canal de diálogo permanente entre representantes dos trabalhadores e das construtoras em cada uma das grandes obras.

Para que esses grupos de discussão funcionassem na prática, alegam os sindicalistas, a direção das empresas teria de dar autonomia a pelo menos um de seus funcionários para resolver de forma mais rápida contratempos corriqueiros, como problemas de transporte ou a qualidade da comida.

“As diretorias das empresas não sabem dos problemas do dia a dia. Isso vai se acumulando e se transforma num problema que explode em alguma hora”, disse o presidente da Central única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva, acrescentando que indústrias que acolhem a ideia têm menos problemas na Justiça. “Se isso não estiver garantido, tudo aquilo que foi discutido até agora não vai ter viabilidade prática.”

O empresariado, no entanto, é refratário à proposta. Segundo o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, “é justo” os trabalhadores buscarem influenciar mais a administração de seus ambientes de trabalho e o pleito até pode ser atendido de forma isolada por alguma empresa. “Mas, de maneira global, acho muito difícil.” Para Simão, o modelo não se aplica a um negócio sem localização permanente e com fluxo de produção descontínuo, como a construção civil.

A mesa de negociação sobre as condições de trabalho nas grandes obras de infraestrutura do país está em fase conclusiva. A comissão foi criada no fim de março, depois que as construtoras Camargo Corrêa e Odebrecht enfrentaram graves problemas nas obras das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia.

A mesa de negociação instituída pelo Planalto obteve avanços. Empresários e trabalhadores concordaram em unir esforços no combate aos intermediadores de contratação de mão de obra. As conversas sobre a necessidade de reforço nos programas de qualificação da mão de obra e de dar preferência à contratação de empregados das localidades de cada obra também progrediram. Empresários e trabalhadores negociam ainda medidas para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores.

Fonte: Valor Econômico

Por |2011-08-02T17:36:44-03:002 de agosto de 2011|Notícias|