Data: 28/04/2011
A cada ano, a sociedade se mobiliza com mais força em torno das comemorações do Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho. Instituído oficialmente em 2003, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), esta data nasce como um movimento em memória das vítimas dos acidentes e doenças do trabalho. O que era um dia de luto pela morte, transforma-se em um dia de luta pela vida – uma data pela defesa do trabalho decente, mais seguro e saudável. A cada campanha, a OIT convida a sociedade a discutir um tema específico relacionado à segurança e saúde no trabalho. Este ano, o tema escolhido é gestão de saúde e segurança no trabalho.
Há vários anos, a Anamt tem se dedicado a discutir o tema da gestão da saúde no trabalho, incluindo a promoção da saúde e a prevenção de doenças, junto a diferentes segmentos da sociedade. Para isso, temos investido no desenvolvimento técnico-científico dos médicos do trabalho e profissionais de saúde e, de forma mais abrangente, temos levantado pertinentes questões relacionadas à saúde no trabalho em diferentes fóruns, no intuito de defender o direito de cidadãos e cidadãs, trabalhadores e trabalhadoras, não importa sua forma de inserção no mercado de trabalho.
A Anamt acredita que uma gestão forte de saúde e segurança no trabalho depende da participação de empregadores, de trabalhadores e da capacitação de pessoas e de ferramentas eficientes; que não é atividade de escritório, nem deve ser centralizada na geração de documentos ou sistemas de controles. é preciso ir onde o trabalhador está, para reconhecer e conhecer os riscos ocupacionais e seus efeitos à saúde, para colaborar na identificação e implementação de medidas mitigadoras/protetoras e, fundamentalmente, para proporcionar uma eficiente vigilância à saúde dos trabalhadores. é preciso identificar precocemente os agravos à saúde e, talvez mais importante, colaborar para a implementação de ações corretivas que evitem o adoecimento de outros trabalhadores.
Se cada um de nós tem um papel a desempenhar neste dia de luta pela vida, o papel do médico do trabalho tem, talvez, um dos papéis mais desafiantes. Enquanto os acidentes são evidentes e facilmente identificados, as doenças relacionadas ao trabalho, muitas vezes, tem longa evolução e difícil diagnóstico. Casos de câncer ocupacional, distúrbios osteo-musculares relacionados ao trabalho, doenças respiratórias provocadas por agentes químicos ou fibrogênicos, adoecimento mental são apenas alguns dos exemplos das doenças que acometem os trabalhadores e que desafiam os médicos do trabalho. Muitas podem levar à morte – outras, à incapacidade. é nesta área cinzenta, onde nem tudo é claro, que os médicos do trabalho precisam transitar, investigar e convencer para proteger. Para tal, é indispensável ter competência técnica, postura ética e independência. Fundamentalmente, é preciso ter coragem e estar engajado.
A Anamt defende a idéia de que os médicos do trabalho estejam comprometidos com esta luta pela saúde no trabalho – e que defendam a saúde dos trabalhadores em suas diferentes inserções profissionais. Seja no sindicato, nas instituições governamentais, nas universidades , nas empresas ou em consultorias, a Anamt conclama os profissionais da medicina do trabalho a honrarem os ensinamentos do mestre Ramazzini – hoje e sempre.