Data: 03/02/2011
Manaus – O Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas promete entrar com representação no Ministério Público Federal (MPF), nesta quinta-feira (3), para solicitar a indenização e devidos cuidados médicos de 352 trabalhadores do Polo Industrial de Manaus (PIM).
Segundo o presidente da entidade, Waldemir Santana, os trabalhadores foram demitidos de cerca de cem empresas, no ano passado, depois de adquirir Lesão por Esforço Repetitivo (LER) ou após acidentes de trabalho, com perda inclusive de membros do corpo.
O sindicalista estima que existam pouco mais de mil trabalhadores nesta situação, considerando demissões dessa natureza nos últimos três anos. Desde 2008, o sindicato recebeu, em média, 350 denúncias por ano relatando casos semelhantes.
“São pessoas entre 25 e 30 anos, na maioria homens, que tiveram dedos, mãos ou pés decepados, ou que a LER causou a inutilização de alguma parte do corpo, geralmente os braços. Dos 352 pessoas de 2010, 70% sofrem de LER e 30% perderam partes do corpo”, declarou Santana.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos conta que só uma empresa do segmento de duas rodas foi responsável por 40% do total de casos de 2010. “O polo de duas rodas está entre os que mais faturam no PIM e tem, em uma de suas maiores empresas, o maior responsável pela demissão de trabalhadores”.
As empresas brasileiras que fabricam motocicletas, além de peças e componentes para a finalização do produto, estão instaladas em Manaus. No ano passado, até novembro, o segmento faturou US$ 6,512 bilhões, sendo 23,50% superior ao faturamento inteiro de 2009 (US$ 5,273 bilhões), conforme dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus, Athaydes Mariano Felix, disse que a questão das demissões não está relacionada às doenças adquiridas no ambiente de trabalho. “Se trata de demissões normais. é apenas uma troca de funcionários. A empresa dispensa os empregados faltosos ou que apresentam produção baixa e coloca novos empregados nas mesmas funções”.
Seguindo orientação dos advogados do sindicato, Santana disse que o local mais indicado para abrir a representação é o MPF e não o Ministério Público de Trabalho (MPT).
Além das demissões devido a existência de alguma doença que atrapalha o exercício do cargo do empregado e a falta de assistência médica, as empresas ainda retêm os documentos de alguns funcionários ou não registram a demissão, acusa o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos. Ele explica que, desta forma, o trabalhador não consegue fazer a perícia médica no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) para requerer benefícios por invalidez, por exemplo. O mesmo acontece com o seguro-desemprego.
Fonte: D24am.com