Teleatendimento contrata, mas SST na área ainda preocupa

Teleatendimento contrata, mas SST na área ainda preocupa

O Centro de Apoio ao Trabalhador (CAT) de São Paulo – programa da prefeitura municipal – registrava em fevereiro que havia no setor de telemarketing cerca de três mil vagas disponíveis na capital paulista.

A notícia, bem recebida enquanto vários países desenvolvidos ainda sofrem com as altas taxas de desemprego devido à última crise econômica mundial, reflete uma tendência de expansão observada em todo o país. Com o crescimento dos Serviços de Atendimento ao Consumidor (SAC), o teleatendimento tem proporcionado para muitos jovens a oportunidade do primeiro emprego com carteira assinada.

O entusiasmo, entretanto, não deve tomar o lugar da precaução quanto à segurança e a saúde dos teleoperadores, um dos grupos de trabalhadores mais expostos aos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort) e aos transtornos mentais e vocais. Segundo o perito-médico previdenciário Eduardo Costa Sá, são cada vez mais comuns os diagnósticos de episódios depressivos entre os que exercem a atividade.

São muitos os motivos para esse cenário. Diretora de Título de Especialista da Anamt, Dra. Lys Esther disse ao Jornal da Anamt que o próprio perfil dos contratados como um fator importante, já que 70% se trata de adultos entre 18 e 26 anos de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Telemarketing (Sintratel). “A incidência de depressão está muito ligada à superexigência, algo sensível entre os jovens. Esse grupo tende a interpretar o não cumprimento de metas irreais como uma incapacidade pessoal, o que gera frustração”, interpreta.

No artigo Fatores de estresse no trabalho de operadores de centrais de atendimento telefônico de um banco em São Paulo, a Dra. Lys descreve juntamente com a Dra. Débora Glina alguns dos fatores que contribuem para o aumento desse estresse: o conflito entre rapidez e a qualidade do atendimento; a repetitividade da tarefa em contraste com a sua complexidade; a relação difícil ou ameaçadora com os clientes, entre outros.

Outro fato a ser levado em conta é o alto turn over do setor, que costuma manter o funcionário entre três e sete anos em uma mesma empresa. Ao mesmo tempo em que premia os atendentes mais eficientes, a rotatividade pode elevar a exigência pela perfeição acima da realidade e diminuir a identificação do trabalhador com a empresa e a profissão.

Por |2010-11-07T03:35:17-02:007 de novembro de 2010|Notícias|